25 abril 2020

A novela do auxílio emergencial



Agências da Caixa continuam lotadas de trabalhadores em busca de informações sobre
o auxílio emergencial. Foto do motoboy Xororó em Várzea Paulista


O governo federal expõe milhares de pessoas em Salto e em todo o Brasil à contaminação pelo coronavírus, de uma forma irresponsável e lamentável sob todos os aspectos, por causa das dificuldades que criou para o recebimento do auxílio emergencial de R$ 600,00 e algo precisa ser feito pelas autoridades que representam os cidadãos. 

Não se pode aceitar que seja criada uma expectativa como essa na população, exatamente em um momento de fragilidade econômica, de saúde pública e, principalmente, emocional por conta da pandemia, que se alastra de forma vertiginosa, e se brinque com a esperança das pessoas como se o governo mexesse com peças de um jogo de lego. 

Os deputados e os prefeitos e o governador precisam cobrar do governo que mobilize a sua máquina e resolva as dificuldades para fazer o pagamento do auxílio a quem precisa e se enquadra nas condições. O Judiciário também pode cobrar, como tem agido na questão da pandemia, controlando o Poder Executivo que age atabalhoadamente. 

Há que se reconhecer, é claro, que problemas iriam surgir diante da demanda tão grande que há, mas essa procura não é novidade para o governo e muito menos para os técnicos que projetaram esse app e toda a estrutura para atender as solicitações, sobretudo não é para quem trabalha com números sempre elevados por atender uma nação. 

A falta de informação, a precariedade do app e a lentidão para a resolução causa espécie quando se observam filas enormes em todas as agências da Caixa Federal pelo Brasil afora e que ficam expostos à contaminação pelo coronavírus, como Taperá flagrou mais uma vez esta semana na porta de entrada das duas agências do banco em Salto. 

É inaceitável que milhares de pessoas não tenham tido até agora o seu pedido analisado, ainda mais porque o próprio governo prometeu avaliar as solicitações em cinco dias úteis. Já se falou que o app teria sido atualizado e que se tentasse novamente, mas essa atualização, ao que parece, não aconteceu e não se consegue fazer novo pedido. 

Como o presidente da República defende a volta ao trabalho antecipada, o atraso na liberação do pagamento do auxílio emergencial faz parecer que esta é uma pressão para que aconteça o que ele quer. Independentemente de ser verdade isso ou não, é preciso que o pagamento do auxílio seja feito o mais rapidamente possível. 

Isto é o mínimo. 


Artigo publicado na seção de opinião do Jornal Taperá de 25-04-2020