22 agosto 2020

O papel de cada um

O governador João Dória transferiu aos prefeitos a responsabilidade por definir o
período de funcionamento do comércio daqui para frente e isto pode ampliar a pandemia


Preocupado com as críticas que vinha sofrendo de empresários do comércio, covardemente o governador João Dória (PSDB) resolveu decidir como Pilatos e largou as rédeas do combate à pandemia. Na quarta-feira (19), ele transferiu aos prefeitos a responsabilidade de decidir se os estabelecimentos comerciais devem funcionar diariamente por seis ou oito horas, como era antes do novo coronavírus. 

Como consequência, os prefeitos dos municípios que estão na fase amarela do Plano São Paulo, o que significa dizer que 20 das 22 regiões do Estado estão abrangidas, decidiram pela ampliação para oito horas diárias. Ficaram de fora apenas as regiões de Registro e Franca, que ainda estão na fase vermelha e só podem permitir a abertura de serviços considerados essenciais e com prazo reduzido. 

Embora os empresários do comércio argumentem que a ampliação e a flexibilização de turnos tende a diminuir a aglomeração dentro dos estabelecimentos e também a aumentar a segurança de trabalhadores e clientes, não será isto o que ocorrerá na prática, pois a sensação que passa é a de que não há mais risco e que tudo voltou à normalidade, já que bares e restaurantes e academias retomam a rotina. 

É de uma irresponsabilidade muito grande que autoridades, cuja missão seja a de preservar a população, ajam desta maneira fazendo exatamente o contrário: expondo mais gente ao risco de contaminação e aos danos causados pela doença, que não é simples e nem fácil de se livrar, afinal tem ceifado vidas em todo o país, tendo o Brasil, infelizmente, já atingido mais de 110 mil mortes. 

Em Salto, o número de casos vem crescendo vertiginosamente. Na quinta-feira, a cidade registrou 69 novos casos em apenas 24 horas, ou seja, três casos novos a cada hora, uma média crítica. Quando Taperá estiver nas mãos do leitor neste sábado (22) é provável que o município já tenha superado 1.500 casos confirmados, sem falar que hospitais locais vivem atingindo 100% dos leitos ocupados. 

Portanto, cabe a cada cidadão definir como agir daqui para frente: se vai entrar na onda daqueles que negam a existência da doença ou do seu poder de letalidade e propagação ou se vai ter bom senso e se manter isolado ou protegido, na medida do possível, se não puder cumprir a quarentena, já que é da atitude de cada um que vai depender o futuro do quadro que todos nós enfrentamos. 

Que vença o bom senso. 



Artigo publicado na seção opinião do Jornal Taperá de 22-08-20