24 junho 2020

Todos podem combater a Covid-19

Cedi os direitos autorais do livro "Crônicas da Quarentena" para apoiar o projeto
 "Missão Covid", uma plataforma que une pacientes e médicos no combate à Covid-19


Muita gente fala com razão da importância de médicos, enfermeiros, profissionais da saúde em geral, além de diversas outras categorias que estão mantendo o combate ao coronavírus e a vida das cidades em atividade, como entregadores, policiais, bombeiros, comerciantes e tantos outros, mas todos nós podemos combater a Covid-19. 

Esta não é uma batalha apenas daqueles que estão na linha de frente como esses profissionais citados acima. Ela é uma batalha de todos aqueles que gostam do seu semelhante e que não deixaram de desenvolver as suas atividades. É ainda daqueles que acreditam em um futuro novo depois dessa pandemia com tudo novo também. 

É esse o papel desempenhado por pessoas que deixam seus lares hoje, em plena pandemia, para levar comida, roupas e remédios para moradores de rua e para comunidades ribeirinhas e favelas. Essas pessoas e os trabalhadores informais e índios são os mais afetados por conta da falta de condições para o enfrentamento. 

Essa ação, aliás, é muito bem-vinda mesmo, já que o governo federal não tem conseguido fazer chegar aos que mais precisam o auxílio emergencial e nem tem facilitado a vida deles na busca de outros benefícios. O mesmo se dá com o governo do Estado, ainda que tenha liberado o “Bom Prato” do pagamento, e se dá com vários prefeitos. 

Na minha atividade, também procuro ajudar, seja produzindo material jornalístico ou de marketing que possa ajudar essas pessoas, seja na minha porta com donativos para quem não tem onde morar e nem como se proteger. Mas agora surgiu uma outra forma ainda: cedi os direitos autorais de um livro para ajudar no combate à Covid-19. 

No próximo dia 7 de julho, o Clube de Autores vai lançar virtualmente o livro “Crônicas da Quarentena”, uma reunião com as 40 melhores crônicas sobre o isolamento social, que foram selecionadas em um concurso em abril. A minha crônica foi uma das três vencedoras e integra o livro. São os direitos desse livro que estou cedendo. 

Eu e os outros 38 classificados em sequência, além de um escritor do próprio Clube de Autores, concordamos em doar os direitos autorais para um projeto chamado “Missão Covid”, uma plataforma criada para unir pacientes e médicos por meio da telemedicina (ligação por vídeo) para combater a doença provocada pelo coronavírus. 

Capa do livro "Crônicas da Quarentena", que será lançado no
dia 7 de julho próximo e que reúne 40 textos sobre o isolamento social


O sistema visa atender principalmente quem não tem plano de saúde neste momento e funciona por meio do site missaocovid.com.br. O paciente com sintomas da Covid-19 (tosse, febre, falta de ar, dor de garganta) é orientado a acessar a plataforma e lá falará com médicos voluntários. Estes vão atender gratuitamente e orientar os cuidados. 

A telemedicina é uma das novidades deste novo normal pós pandemia que deverá se consolidar depois e hoje já produz efeitos importantíssimos na vida de vários pacientes. Há um segmento que necessita muito disto: são os pacientes oncológicos, que deixaram de ir ao médico por causa da pandemia, e também os idosos com morbidades. 

Outra maneira é ouvir o que pessoas deprimidas têm a falar e ajudar aconselhando, como alguns psicólogos estão fazendo de graça. Tem profissionais que montaram uma espécie de plantão para ajudar. Cantores têm gravado músicas de incentivo para compartilhar na net e artistas de modo geral produzem para apoiar quem mais precisa. 

As formas e os segmentos envolvidos na prestação de algum tipo de ajuda variam e se espalham pela cidade, pelo Estado, pelo país e por todo o mundo. Essa pandemia traz um novo aprendizado sobre conviver e sobre o que esperar de nós mesmos e dos outros. A lição mais forte é a da importância de cada um para todos em todo o tempo. 

Entre aqueles que não estão na linha de frente no combate à Covid-19, a ajuda pode ser vista em todo lugar. Na Itália, há pessoas que cantam juntas nas janelas e pelo mundo afora há jovens que não são parentes e fazem compras para idosos sozinhos. Essa colaboração tem ajudado muita gente em todo lugar, aqui inclusive. 

Na Alemanha, o estudante Noah Adler, de apenas 15 anos, usou seus conhecimentos de computação para colocar no ar uma plataforma chamada Coronaport, que tem conectado as pessoas para que umas ajudem as outras na vizinhança e a grande maioria beneficiada pertence ao grupo de risco da doença: são idosos com morbidades. 

No sul da Espanha, um suposto instrutor de ginástica deu uma aula coletiva para os vizinhos em quarentena. Estava em cima de uma laje e os vizinhos nas suas varandas e todos faziam polichinelo. Em outro local do país vizinhos jogavam bingo cada um em sua janela, mas todos nas duas situações se divertiam e se ajudavam a enfrentar a pandemia. 

Por fim, o casal Asiyah e Jawad Javed, da Escócia, tirou 2 mil libras do próprio bolso, o equivalente a R$ 12 mil hoje, para produzir e distribuir kits com máscaras, álcool em gel e lenços umedecidos para serem usados por pessoas com mais de 65 anos e entregaram os kits, avaliados em 2 libras cada, na casa de 500 pessoas até o momento. 

Esse é o caminho nessa pandemia. 

E você já fez alguma coisa?