16 maio 2020

A arrastada duplicação da Rodovia do Açúcar


Trecho em obras da Rodovia do Açúcar, entre Salto e Capivari, que vem 
sendo duplicada pela concessionária Rodovias do Tietê desde 2009
 


É inegável que a pandemia provocada pela infestação do coronavírus afetou gravemente todos os setores da economia, ainda que alguns estejam ganhando com a nova realidade. Mas há setores imprescindíveis que deveriam merecer uma atenção maior das autoridades, como as obras de duplicação de estradas importantes como a Rodovia do Açúcar. 

Neste caso em particular, a pandemia nem deveria ser utilizada como desculpa para o atraso, já que a obra se arrasta, sem razão plausível alguma, desde o segundo semestre de 2009. A empresa responsável, a concessionária Rodovia do Tietê, concluiu até agora, pasmem, apenas 10% de todo o cronograma e não tem perspectivas de mudar isso cedo. 

Taperá traz na edição deste sábado a memória do acidente entre dois caminhões que levou à morte um dos motoristas. Curiosamente, eles bateram seus veículos em frente ao canteiro de obras da empresa. De acordo com a assessoria de imprensa da Rodovias do Tietê, as obras não avançam por causa dos cuidados de isolamento do coronavírus. 

Ora e que razões motivaram a demora entre o segundo semestre de 2009 e este ano, quando não havia a contaminação desenfreada dessa pandemia ameaçando a vida de todo mundo? Ressalte-se aqui que o pedágio vem sendo cobrado desde lá, o que beira o absurdo, já que se recebe antes da obra e o pior: não se realiza a obra necessária. 

A concessionária deveria investir nas obras que demandam a rodovia desde quando assinou o contrato e só receber o benefício da tarifa do pedágio depois como ressarcimento dos investimentos. Este é o princípio da privatização de rodovias, afinal, se fosse para cobrar pedágio e investir conforme desse, o próprio Estado, com toda a sua ineficiência, faria. 

Senhores, esta situação é inaceitável e precisa da ação dura das autoridades, ainda que haja uma pandemia em curso e que haja um contrato que garante certo conforto para a empresa. Não dá para deixar a coisa ao Deus dará como se dizia antigamente, como se nenhuma necessidade houvesse ou como se nenhuma vida se perdesse com isso. 

São muitos acidentes, são prejuízos financeiros de monta, são mortes que levam sonhos e que destroem famílias. Isto é sério. Não se pode se esconder na pandemia para justificar corpo mole, falta de ação, menosprezo com o dinheiro público de antes dela. O Ministério Público, os vereadores, os prefeitos, os deputados precisam ver isto. 

É responsabilidade de todos. 


Artigo publicado na seção de opinião do Jornal Taperá de 16-05-2020