25 junho 2020

Não te aguento mais

Apenas nesses três meses de isolamento social por causa do coronavírus, 
houve um aumento de 300% no número de pedidos de divórcio no Brasil



Conviver nunca foi fácil, mas a vida nos dá várias possibilidades para evitarmos um confronto. Ou dava. Ao menos antes da pandemia. Agora, o confinamento está tornando impossível a convivência em alguns casos. 

De acordo com profissionais do Instituto Brasileiro de Direito da Família, assim como psicólogos e assistentes sociais, houve um aumento de 300% no número de pedidos de divórcio apenas nesses três meses de isolamento. 

Algumas razões se tornam mais patentes com o atual momento, como o desemprego e a falta de dinheiro para manter a casa e também o machismo, que ainda impera na maioria absoluta dos lares brasileiros, infelizmente. 

O confinamento faz com que as necessidades mais elementares aumentem e com elas as cobranças. Em contrapartida, vem a violência psicológica e depois física. Nesse estágio conviver se torna perigoso a ambas as partes. 

A situação exige tantos cuidados que já existem até as separações online. Elas ocorrem por meio da plataforma Divórcio Consensual. Criada há quase dois anos, a startup já mediou mais de 100 divórcios e 20 reconciliações. 

Entre março e maio, meses da quarentena, o número de casos atendidos subiu cinco vezes na comparação com os três meses anteriores e até o final deste ano tendem a crescer mais, principalmente se o isolamento continuar. 

Os divórcios estão aumentando também fora do Brasil. O boom acontece em diferentes países, como Argentina, China, Portugal, Holanda, Estados Unidos, Austrália, Jamaica e Itália. As pesquisas ainda são recentes. 

Advogados dizem que quem estava pensando em se separar, com as dificuldades, deu o start. Em outros casos, os casais passaram a optar por isso porque a relação se exauriu. A convivência intensa dificulta a recuperação. 

Quando se podia sair e fazer outras coisas, como trabalhar, passear e ver outras pessoas, era mais fácil. Agora os dias se tornam iguais e as rotinas e dificuldades também ou então, o que é pior, irritam e se agravam. 

Tudo afeta e se torna motivo forte. Não é só desemprego e falta de oportunidades. Estão em jogo as adaptações a novas formas de trabalho, estudo e rotina. Principalmente divisão de tarefas, criação de filhos e falta de parceria. 

Mas é preciso separar antes do casal os reais motivos pelos quais ambos justificam a necessidade do divórcio. Nesta pandemia existem muitas incertezas e ansiedades que acabam afetando as relações e podem ser superadas.