18 agosto 2020

Volta às aulas deveria ficar para 2021

 

Pelo menos 66,4% dos alunos da rede municipal de São Paulo, com prevalência
positiva para anticorpos contra a Covid-19, não têm sintomas


O governo do Estado erra ao criar mais de uma data de retorno para as aulas presenciais, já que adiou para 7 de outubro nas cidades que não estão na fase amarela do Plano São Paulo e permitiu o dia 8 de setembro, onde a fase seja essa, embora a decisão caiba a cada prefeito.

Ora, existe uma rede estadual e haverá decisões isoladas para cumprir um mesmo programa e uma mesma jornada de período letivo? Não faz sentido romper com a unidade agora, sobretudo porque não há certeza ainda das condições adequadas de saúde para esse retorno. 

É bom lembrar que a Prefeitura de São Paulo realizou pesquisa e ela apontou que 16,1% dos alunos de 4 a 14 anos já tiveram contato com o novo coronavírus, a maioria em casos assintomáticos, e 66,4% com prevalência positiva para anticorpos contra a Covid-19 não têm sintomas. 

Ou seja, essa primeira fase do inquérito sorológico, realizado com 6 mil alunos da rede municipal de ensino, revela claramente que o retorno às aulas dessas crianças seria temerário em um momento como este, em que ainda se está controlando a doença na cidade de São Paulo. 

A melhor medida seria adiar o retorno de toda a rede para o próximo ano. Desta forma, se poderia planejar melhor o retorno, se manteria a unidade da rede e não se alteraria o processo de aprendizado no meio novamente. Afinal, já houve uma mudança com a suspensão das aulas. 

É verdade que vários alunos não se adaptaram ao ensino à distância e há quem defenda o retorno já, mas a unanimidade será difícil, senão impossível, de se alcançar neste e em qualquer assunto, pois a diversidade de opiniões existe e deve ser respeitada sempre. 

Os argumentos do governador João Dória, de que o retorno escolar é importante, não só pelo aspecto educacional, mas também pela questão social e de segurança alimentar, são discutíveis, pois já houve uma ruptura com a interrupção e a pressa na retomada só piora. 

O secretário de Estado da Educação, Rossieli Soares, diz que até o início de outubro as escolas vão receber máscaras de tecido, face shields, termômetros a laser, totem de álcool em gel, sabonete líquido, copos descartáveis, álcool em gel e papel toalha, mas isto não é uma certeza ainda. 

Afora essa preparação necessária, a reabertura terá de observar regras de distanciamento e capacidade, limitadas a 35% para educação infantil e fundamental nos anos iniciais e 20% para Ensino Médio e anos finais, o que torna o retorno ainda mais desigual e prejudicial para o todo.

E para 79% dos entrevistados pelo Datafolha, em pesquisa divulgada nesta terça-feira (18), a volta às aulas não deveria acontecer já. Apenas 18% são favoráveis ao retorno agora. O receio é de que essa decisão leve a um aumento do número de casos de contaminação pelo novo coronavírus.