06 agosto 2020

Candidatos começam a sair da toca

O ex-deputado estadual Raul Marcelo e a prefeita
Jaqueline Coutinho (à dir.)  anunciaram que são
candidatos na disputa pela Prefeitura de
 Sorocaba na eleição  de novembro deste ano 

 


O ex-deputado estadual Raul Marcelo (PSOL), candidato derrotado no segundo turno da última eleição à Prefeitura de Sorocaba, e a atual prefeita Jaqueline Coutinho, nova integrante do PSL na cidade, que era vice do eleito em 2016 e assumiu após a segunda cassação dele, anunciaram que vão disputar o cargo na eleição de novembro deste ano. 

Este pleito promete ser um divisor de águas na cidade. Será a primeira eleição depois do afastamento do ex-prefeito José Crespo (DEM), que foi o único a conseguir quebrar a hegemonia do PSDB de 20 anos no poder. O eleito ou a eleita tem a chance de estabelecer as bases de um governo novo ou protagonizar a volta dos tucanos. 

As pretensões não são novidade, já que Raul Marcelo é um candidato insistente à Prefeitura de Sorocaba. Ele concorreu em 2016, 2012, 2008 e 2004. Com a cassação do seu maior adversário no último pleito, tem uma bandeira inegavelmente boa para a disputa agora e a prefeita Jaqueline Coutinho, por estar com a máquina na mão. 

Mas eles não estarão sozinhos evidentemente. Os mais expressivos concorrentes hoje são o ex-presidente da Câmara Rodrigo Manga (PRB) e o atual Fernando Dini (PMDB), que anunciaram suas pretensões antes. E espera-se a confirmação do candidato ou candidata do PSDB, além de nomes do Cidadania, Podemos, PDT e o próprio DEM. 

Levará vantagem nesta eleição o candidato que souber trabalhar esse cenário de divisor de águas. Na última eleição, o ex-prefeito acabou escolhido por se apresentar como alternativa à inércia demonstrada pelo PSDB para resolver os problemas da cidade. Hoje, atacar o atual governo mais atrapalha que ajuda o candidato. 

A prefeita não tem a sua imagem associada ao ex-prefeito, embora tenha sido vice dele. Desde o início do governo, ela inaugurou uma dissidência. Herdou o mandato em uma situação delicada por conta do afastamento. E recebeu uma prefeitura sem dinheiro com projetos que não eram seus em andamento, sem poder mexer. 

A campanha do candidato que espera se eleger não pode focar nos erros do PSDB ou de Crespo ou ainda de Jaqueline. A população não espera a ofensiva de um candidato contra outro. Espera projetos que tirem a cidade da crise e hoje a crise da saúde, bandeira forte da última eleição, está agravada pela pandemia e há a economia. 

O desafio da economia é maior ainda que o da saúde. Esta só pode ser resolvida se aquela estiver resolvida. Ocorre que as mudanças na economia estão atreladas a ações que terão de ser colocadas em prática em nível nacional. A principal delas é a reforma tributária. Até por conta da pandemia, as discussões em Brasília se arrastam. 

Os projetos de reforma tributária que se discutem em Brasília trabalham a fusão de impostos e a criação de outros. Há até a possibilidade do retorno da fatídica CPFM com outra roupagem, mas tão perversa quanto. O governo federal quer mais arrecadação a qualquer custo. Não pensa na retomada do crescimento econômico nem no cidadão. 

Isto dificultará a vida dos candidatos que não tiverem bom entendimento da situação local. O eleitor está mais esperto com promessas que não vão se concretizar. Ainda mais agora que as demandas por ajuda da Prefeitura serão maiores. É preciso criar um ambiente de recuperação da economia e essa ação demanda investimentos financeiros. 

O problema é que a Prefeitura já apresenta um déficit alto de caixa hoje em virtude de uma previdência municipal endividada e da manutenção de reiterados prejuízos no que se refere à Urbes, empresa gerenciadora do trânsito e do transporte local e controladora do transporte coletivo, um dos principais responsáveis pelo déficit dela. 

Por isto, a possibilidade de investimento da administração municipal é reduzidíssima, o que implica na falta de condições para colocar planos de governo em ação. Em razão da própria pandemia, a possibilidade de financiamentos externos, como conseguiu o governo do ex-prefeito, é menor. Terá de haver criatividade.