07 julho 2020

‘Carrie, a Estranha’ quase não sai

Todos os autores cederam os direitos da publicação em favor do projeto “Missão Covid”, uma plataforma criada para unir pacientes e médicos por meio da telemedicina (ligação por vídeo) para combater a doença  


Hoje, quando participei do lançamento do livro “Crônicas da Quarentena”, que reúne 39 crônicas premiadas em um concurso do Clube de Autores, realizado no início de abril deste ano, uma das quais é de minha autoria, lembrei-me da história do escritor norte-americano Stephen King.

Isto porque, ao contrário do que se possa imaginar diante do confinamento obrigatório da pandemia causada pelo coronavírus, a afluência de participantes ficou bem aquém do ideal, o que dá uma certa frustração em quem escreve e especialmente ao lançar uma obra para o público. 

Antes da fama e de se tornar o escritor que é hoje, Stephen King, o nono autor mais traduzido do mundo, amargou a rejeição dos editores de livros e se achava um fracassado. Seu primeiro livro, “Carrie, a Estranha”, quase não passou de uma ideia desprezada jogada no lixo. 

“Carrie” contava a história de uma jovem com poderes psíquicos, que se vingava de alunos da escola, onde estudava, por sofrer bullying. Mas a estória não empolgou as editoras e essa recepção trouxe uma irritação tão grande a King, que ele amassou o romance inteiro. 

A literatura mundial, sobretudo as de terror, ficção sobrenatural, suspense, ficção científica e fantasia, nas quais o escritor norte-americano é especialista, não perdeu esse grande representante graças à Tabitha Spruce, com quem ele se casou em 2 de janeiro de 1971. 

Também romancista e ativista filantrópica, Tabitha não concordou com os editores em rejeitar a obra do marido e nem com a decisão do companheiro de abandoná-la. Ela apanhou os amassados do lixo e disse a ele que ele era um grande escritor e que tudo iria mudar, bastava ele insistir. 

Essa mensagem de ânimo e de esperança, que certamente todo autor gostaria de ouvir, foi o que garantiu a continuidade da história do escritor norte-americano. Em princípio, Stephen King não acreditou muito, mas, como a mulher era romancista, ela lhe deu ideias e sugestões. 

Era difícil e angustiante, mas ele acreditou nelas, pegou os originais e acrescentou algumas coisas, como o fato de Carrie destruir a cidade fictícia de Chamberlain, onde vivia, por conta do bullying, e o livro ganhou, como o próprio autor descreveu, um poder surpreendente de horrorizar. 

Lançado em 5 de abril de 1974, com uma primeira tiragem aproximada de 30 mil cópias, o romance rendeu a Stephen king 2,5 mil dólares adiantados e outros 200 mil dólares de direitos autorais depois e se tornou best-seller, filme, programa de TV, musical e peça teatral. 

Hoje os livros de King já venderam mais de 400 milhões de cópias e já foram traduzidos para mais de 40 países. O norte-americano publicou 59 romances, 7 sob pseudônimo de Richard Bachman e 6 de não ficção. E escreveu cerca de 200 contos. Alguns viraram filmes, séries e minisséries. 

Ou seja, nem sempre a recepção que se espera é a que acontece e também não é todo dia que uma boa obra consegue conquistar e persuadir um leitor a ir ao seu encontro, mas, nós como autores, a exemplo do que disse a esposa de King, temos de insistir, insistir, até conseguir. 

Quando lancei o meu primeiro livro, me lembro de ter recebido de uma leitora uma mensagem muito delicada, na qual ela dizia que esperou a publicação chegar às suas mãos para mergulhar em uma leitura ávida: “Eu abracei o livro, fechei os olhos e agradeci”, ela disse. 

Todos nós precisamos de incentivos naquilo que fazemos, mas nada tem a força e o peso de quando alguém acredita em nosso trabalho e confia seu tempo para desfrutar do conteúdo que produzimos: escrever é um ato solitário, mas é capaz de mexer com um planeta inteiro.

O livro "Crônicas da Quarentena" foi lançado nesta terça-feria (7) 
pelo Clube de Autores e está à venda na internet (veja abaixo)


Serviço 

O livro “Crônicas da Quarentena” pode ser adquirido no site: https://clubedeautores.com.br/livro/cronicas-de-quarentena, do Clube de Autores, pelos preços: R$ 45,15 para a versão impressa, a ser entregue pelos Correios, e R$ 22,60 para a versão ebook, a ser baixada no computador. Todos os autores cederam os direitos da publicação em favor do projeto “Missão Covid”, uma plataforma criada para unir pacientes e médicos por meio da telemedicina (ligação por vídeo) para combater a doença provocada pelo coronavírus, principalmente para as pessoas que não dispõem de plano de saúde no momento. Participe.