07 agosto 2020

Flexibilizar por atacado é um erro

O governo do Estado liberou a abertura de bares e restaurantes na maioria das
regiões do Estado, mas baseia a decisão relatórios não individualizados por cidade


A decisão do governador João Dória (PSDB), de flexibilizar para a fase 3, a chamada fase amarela do Plano São Paulo, a maioria das cidades do Estado, é um erro, porque é uma decisão baseada na realidade informada por região e não individualmente por cidade, o que terá reflexos negativos. 

É sabido que não há uniformidade entre as cidades, até porque as populações e as medidas tomadas pelos governos são diferentes. Em razão disso, os resultados alcançados também apresentam diferenças. Assim, o que é bom para uma cidade pode não ser para outra. 

Entende-se que há uma forte pressão de empresários que estão com seus negócios parados, mas a saúde deveria ser a prioridade neste momento. Não que não se deva permitir o funcionamento de comércio e de determinados negócios, mas a liberação precisa ser mais gradual. 

Basta avaliar que o número de contaminados pode aumentar progressivamente e a maioria das cidades não têm estrutura para suportar essa elevação. Várias delas não possuem sequer um leito de UTI. Fatalmente, os pacientes desses locais dependerão de vagas em outras cidades. 

Se o governo do Estado pôde adiar o retorno às aulas na rede pública, que começariam em setembro, e pôde delegar para os municípios essa decisão, por que não fazer o mesmo em relação à flexibilização, já que cada prefeito sabe exatamente como está a situação na sua cidade? 

Esta seria a melhor solução neste momento, tendo em vista as dificuldades de combate ao novo coronavírus. Não dá para tomar decisões por regiões administrativas de saúde como se cada região fosse uma coisa só. As populações do interior são as que mais sofrem com isso.

Não são as populações, mas os próprios empresários têm dificuldades maiores por conta da desigualdade de realidade. Em algumas cidades, eles já poderiam estar trabalhando e não estão. Em outras, estão sem poder e acabam por punir o cliente de quem tanto precisam. 

Afora a questão prática da descentralização necessária, ela favorecerá ainda o combate ao uso político da concentração de decisões. O governador ajudará mais os cidadãos se agir no sentido de individualizar atos em vez de concentrá-los, ainda que prejudiquem objetivos políticos.