04 junho 2020

O problema da prorrogação do auxílio

Governo anuncia prorrogação por mais dois meses do pagamento do auxílio
emergencial, mas ainda não conseguiu pagar nem a primeira fase
 

A decisão do governo federal, de prorrogar por mais dois meses o pagamento do auxílio emergencial, é uma boa notícia para os milhões de brasileiros que estão sem renda neste momento, mas ela ainda é um tiro no escuro. 

Afinal, até agora a ajuda não chegou para 36,8 milhões de brasileiros, que recorreram ao programa e receberam como resposta uma solene negativa, e há também 11 milhões de pessoas que ainda aguardam a análise. 

Não bastasse a ineficiência da administração do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) para fazer o pagamento a quem precisa, 2,7 milhões de brasileiros foram excluídos por não terem acesso à internet. 

Se é ruim demais o pagamento não ter sido feito a todos e ainda ter excluído muita gente que precisa do auxílio, pior é o fato de ter sido pago para 6 milhões de brasileiros, que não têm direito, um prejuízo de R$ 3,6 bilhões/mês. 

A lambança do governo não para na ineficiência do cadastro e na checagem dos dados dos beneficiários. Ela se estende ao mau uso dos recursos públicos destinados a quem mais precisa, como os inscritos no Bolsa Família. 

O governo retirou cerca de R$ 84 milhões do programa para usá-los em publicidade, por meio da Secretaria de Comunicação do Planalto, em supostas ações educativas, o que é questionável sob todos os aspectos. 

A explicação foi que sobraram recursos no Bolsa Família por conta da preferência dos beneficiários pelo auxílio emergencial, mas a Folha de São Paulo apurou que 433 mil famílias ainda aguardam os recursos do programa. 

Afora todas essas inconsistências na concessão do auxílio emergencial, o presidente acenou com a possibilidade de pagar R$ 300 por mês na prorrogação, metade do que é pago hoje, o que é totalmente insuficiente. 

Entende-se que o programa de auxílio emergencial tem um alto custo, algo em torno de R$ 45 e R$ 50 bilhões por mês e não havia previsão no orçamento para tal, mas ajuda insuficiente e que quase não chega soa como brincadeira. 

O que se espera neste momento é que as autoridades políticas do Congresso Nacional, pressionadas por seus eleitores, argumentem com o governo federal e encontrem o melhor caminho para resolver o pagamento do auxílio. 

A situação exige isto.