23 junho 2020

O papel das autoridades

A população precisa de seus líderes. É na hora que a maioria das pessoas não sabe o que fazer
 nem o que vai acontecer que se precisa de condutores firmes


Alguns amigos que são prefeitos e vereadores têm me perguntado como agir neste momento em que a contaminação pelo coronavírus se acentua no interior do Estado de São Paulo e as cobranças da população também aumentam, já que não há vacina para evitar o contágio. 

A preocupação faz todo sentido: apesar de tudo, estamos em um ano eleitoral e o comportamento das autoridades instaladas no poder hoje pode ser decisivo para a escolha do eleitor, posto que as perdas que todos estamos enfrentando são muitas e algumas delas bem profundas. 

Nem por isso esses prefeitos e vereadores precisam se desesperar. Existem respostas que podem e devem dar à população neste momento. Aliás, sobretudo neste estágio da pandemia. O cidadão precisa do apoio dos políticos que o representam sempre, mas nesta situação mais ainda. 

A primeira delas é a prontidão para agir pelas pessoas. Não dá para aumentar o número de leitos em UTIs, embora prefeitos devam trabalhar por isto, mas dá para ajudar em alguns segmentos. Por exemplo, a telemedicina voltada a pacientes oncológicos e idosos com morbidades. 

O isolamento social imposto pela pandemia trouxe profundas mudanças no cotidiano dessas pessoas. Elas se afastaram dos médicos. Só que o índice de morte de pacientes com câncer chega a 99% e o de idosos a 80% quando não recebem o atendimento médico. 

As autoridades podem trabalhar pela intermediação do atendimento dessas pessoas por meio da telemedicina. Não só esses pacientes e esses idosos vão gostar, mas suas famílias. Ninguém quer levá-los aos hospitais agora e nem devem. Por isso, precisam de ajuda para o atendimento. 

Prefeitos e vereadores têm papéis diferentes, mas podem atuar juntos nessa pandemia. Prefeitos precisam agir para conter a ansiedade da população por sair e não respeitar o isolamento social. Onde isto não acontece, os números dobraram. Vereadores devem ajudar. 

Outro caminho importante é montar estruturas de apoio para quem depende da ajuda do auxílio emergencial. Muita gente não tem acesso à internet ou não consegue se organizar com a documentação. Um apoio nessa hora nunca será esquecido e não deixa de ser correto. 

Além disso, o auxílio emergencial é tão importante que aumentou a popularidade do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), em que pese sua péssima atuação frente à pandemia, com declarações desastradas e o incentivo para que a população não faça o isolamento social. 

Atuar nessa área pode render votos para prefeitos e vereadores com a mesma intensidade. Há ainda uma condição melhor no caso de prefeitos e vereadores, porque o assunto é nacional e será decidido nesse nível. A carona com a ajuda ao cidadão é um investimento. 

Saber trabalhar o assunto pandemia neste momento é muito importante. De um lado existe uma pressão grande pelo crescimento do número de casos e de mortes, o que assusta. Mas de outro há uma estabilização em curso já observada pela Organização Mundial da Saúde (OMS). 

Então trabalhar pelo isolamento social ao mesmo tempo que defender a retomada da economia nos setores essenciais para a manutenção de empregos é uma atuação que será coroada com a confirmação da tendência anunciada na última quarta-feira (17) pela OMS. 

A população precisa de seus líderes. É na hora que a maioria das pessoas não sabe o que fazer nem o que vai acontecer que se precisa de condutores firmes. Se o político souber se colocar como luz neste momento, iluminará o seu caminho para a reeleição com certeza. 

O Brasil ainda tem o segundo maior número de casos de infecção e de mortes pelo coronavírus no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos, mas apresenta uma média semanal de mortes sem grandes oscilações nas três últimas semanas, ou seja, desde o início de junho. 

De acordo com os números apresentados, foram registradas 985 mortes por dia em média nesse período. A variação de uma semana para outra não ultrapassou mais do que 6%. Com isto, tanto a curva de casos como a de mortes vêm assumindo a forma de um platô. 

Isto quer dizer que continua no alto, mas começa a apresentar trajetória sem crescimento. Comportamento importante, porque esse fenômeno representou o pico da doença em alguns países. No Brasil, ainda é cedo para se chegar a essa conclusão, mas é uma expectativa. 

Ficam as dicas.