01 agosto 2020

Falta de bom senso

Prefeitura de Salto optou por chamar de volta ao trabalho as auxiliares de creche, mas as 
mantém sem atividades e aglomeradas, aumentando o risco de contaminação

A administração do prefeito de Salto, Geraldo Garcia (PP), não agiu com bom senso quando determinou a volta das Assistentes de Desenvolvimento Infantil (ADIs) ao trabalho. A razão é muito simples: as crianças que atendem não voltaram às creches esta semana junto com elas e, portanto, elas não têm atividade prática para exercer. 

Além disso, a decisão expõe as trabalhadoras a um risco de contaminação pelo novo coronavírus desnecessário, sobretudo neste momento que a cidade registra um salto significativo no número de casos confirmados e de mortes pela Covid 19, além da ocupação diária para atendimento da doença de quase todos os leitos de UTI nos hospitais. 

A Prefeitura alega que seguiu a determinação do governo federal em virtude do encerramento da vigência da Medida Provisória 927, que garantia a compensação do tempo em casa por meio de um banco de horas, mas isto poderia ser contornado com uma medida local estabelecendo um banco de horas nos moldes do que previa a MP. 

A direção do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais e a subsede da Apeoesp lamentaram a decisão e estudam inclusive acionar o Poder Executivo caso alguma ADI venha sofrer contaminação durante o período em que elas estão aglomeradas no local de trabalho, contrariando todas as recomendações dos organismos de saúde. 

A base para esse processo é o que está ocorrendo em Itu, onde o prefeito Guilherme Gazzola (PL) também determinou o retorno ao trabalho nas mesmas condições e vários servidores acabaram se contaminando no local de atividade, fato que levou a Apeoesp a questionar na Justiça, embora ainda sem nenhuma decisão ou análise registrada. 

Independentemente de uma ação para responsabilizar o Poder Público pela eventual contaminação de servidores, o sindicato e a Apeoesp e também os vereadores devem ficar atentos às condições que estão sendo oferecidas às ADIs, que devem contar como todos de equipamentos de proteção à altura do enfrentamento da pandemia. 

Se isto não estiver ocorrendo e a falta de uma atividade prática leva a uma aglomeração maior e ao relaxamento de medidas, ainda que haja cursos sendo realizados, fatalmente haverá um aumento no risco de contaminação, ampliando os números finais da cidade, que não é de longe o que o município precisa neste momento, não é? 

Que se avalie melhor a questão. 



Artigo publicado na seção opinião do Jornal Taperá de 01-08-20