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Mesários estão com medo de contaminação e ameaçam prejudicar a eleição deste ano, que foi adiada de outubro para novembro |
Não é à toa: o risco de contágio aumenta em todo o país, sobretudo
porque não se faz um isolamento social sério. Em outros países a curva de
contaminação já estava muito menor no mesmo período. Aqui, principalmente pela
negação do presidente, ela empacou com altos índices.
Afora o risco de não se ter o número de mesários necessários,
existem outros problemas. A biometria, por exemplo, garante a identidade do
eleitor, mas exige a conferência da digital, o que requer mais tempo. De outro
lado, se ela for usada não se permitirá álcool gel nas digitais.
Sem orçamento para as eleições, o presidente do TSE, Luís
Roberto Barroso, depende de doações para a proteção. Ele vai recorrer a
empresários ligados à Fiesp para bancar o fornecimento de máscaras, álcool em
gel e luvas. E prevê ainda demarcação no chão e extensão de horário.
Definido por enquanto existe apenas a nova data do pleito. No
último dia 2 de agosto, foi promulgada a emenda constitucional que estabelece
que o primeiro turno da eleição será em 15 de novembro, enquanto a segunda fase
ocorrerá no dia 29 do mesmo mês. O resto são estudos.
A possibilidade de levar a eleição para até as 20h não é tão
simples assim. É preciso definir, por exemplo, como viabilizar o comparecimento
de comunidades ribeirinhas da Amazônia. Essas pessoas vão para os locais de
votação de barco ou helicóptero, transportes que não operam à noite.
A preocupação e as dificuldades estão levando a busca por
soluções mais absurdas ainda. O TSE estuda, por exemplo, isentar de multas quem
não comparecer às eleições, desde que alegue comprovadamente o risco de contaminação.
Isto vai fazer a abstenção explodir.
Outra hipótese sem nexo, aventada pelo TSE, é a de dividir
os horários de votação por faixa etária para evitar a aglomeração. A proposta
não leva em conta que famílias comparecem juntas para as votações. Se parte
delas for impedida de ir em determinado horário, não irá mais.
O risco de muita gente deixar de votar é realmente grande.
Primeiro pelo desinteresse pela eleição que aumenta todo dia. Segundo, porque o
risco de contaminação é enorme. Terceiro, devido ao fato de não existirem
recursos para dar segurança a ninguém.
No Rio a insegurança é ainda pior. As zonas eleitorais em áreas
dominadas por milicianos não foram realocadas pelo governo Wilson Witzel (PSC) e
essa situação inviabiliza a entrada de candidatos nesses locais. Os eleitores serão
obrigados a votar em quem os milicianos apontarem.
Aliás, os candidatos precisarão de muita habilidade e
conhecimento das redes sociais para chegar ao eleitor. Com a pandemia e o medo
da contaminação, só se verá propostas e/ou currículos pela internet. Com tanto
fake news por aí, o desafio é parecer convincente.
O caminho para a solução para o TSE ainda é melhorar o
combate ao contágio pelo novo coronavírus, reforçar os equipamentos e os cuidados
com cada pessoa exposta e fiscalizar os desmandos cometidos hoje. Estes
precisam de punições severas contra a desobediência.
Esse processo passa por uma ação que coloca dois lados extremos em confronto e em conflito. Mesmo assim, vale a pena se se quer que este país avance com essa eleição. Do contrário se terá um dos pleitos mais esvaziados da história e com resultados nada positivos para a comunidade.