27 junho 2020

O plano de retorno às aulas


Pais, alunos, professores e funcionários devem resistir à ideia de retomada
 das aulas já em São Paulo: a segurança deve estar acima de tudo


O governo do Estado definiu, nesta semana, o plano de retorno às aulas presenciais nas escolas das redes pública e privada. A intenção é que um terço dos alunos volte a partir do dia 8 de setembro e que se faça, na sequência, um rodízio, de modo que todos acabem passando pelos prédios escolares novamente. Mas a medida encontra forte resistência em todos os setores. 

Do lado dos pais e alunos, há o receio de que possa ser acelerado o processo de contaminação pelo coronavírus, já que a pandemia não regrediu e nem dá mostras de que haverá segurança até lá. Além disso, o governo do Estado não consegue dar garantias de que as escolas estarão protegidas de forma suficiente para evitar uma contaminação em massa maior. 

Professores e funcionários entendem que há o mesmo temor de contaminação acelerada e também a reclamação de que o governo do Estado não oferece condições seguras para a retomada. Não há equipamentos e nem pessoal capacitado para o atendimento das escolas de forma presencial novamente, diante da fragilidade imposta pelo vírus à segurança sanitária dos prédios escolares. 

Em sua defesa, o governo do Estado diz que o plano foi elaborado com base nas informações das entidades sanitárias, que estão acompanhando o desenvolvimento da pandemia. Por isso, argumenta que não deverá haver o risco de que temem pais, alunos, professores e funcionários e que ainda tudo será acompanhado, podendo haver mudanças, se necessário. 

O primeiro ponto desta questão é que o governo do Estado não discutiu com nenhuma das partes envolvidas o plano que está colocando. Ou seja, o governador e o seu secretário de Educação decidiram retomar e estão impondo a sua decisão aos demais. Isto não é democrático e tampouco é sensato neste momento. Até porque não se fala aqui em uma vontade, mas necessidade. 

Será que é realmente necessário que os estudantes voltem às aulas presenciais neste momento, sem que se possa oferecer uma segurança para que não se contaminem? Não há nenhuma outra forma de se transmitir os conhecimentos que a escola proporciona sem a presença física? A resposta para as duas questões é que não há necessidade e existe sim outra forma de atuar. 

A maneira adotada desde o início da pandemia, o ensino à distância, vem dando resultado, ainda que haja uma dificuldade grande para se adaptar e haja deficiências no processo. Tudo é novo e é natural que não funcione de pronto de forma excelente, mas é mais seguro e mais honesto com as pessoas que seja praticado dessa forma neste momento de insegurança total. 

Pais, alunos, professores e funcionários devem resistir a essa ideia de retomada para já. O ideal seria manter a situação de ensino à distância ao menos até o final deste ano. Claro que tudo pode mudar se houver uma vacina ou remédios para conter o vírus. Mas agora não existe isto ainda de forma palpável e a segurança dos estudantes, professores e funcionários deve estar acima. 

Vale a discussão.


Artigo publicado na seção opinião do Jornal Taperá de 27-06-20