21 julho 2020

O novo normal que precisa existir


Lideranças empáticas percebem e valorizam o relacionamento interpessoal no 
mundo corporativo, afinal isto promove uma melhoria dos sentimentos individuais


É cada vez maior a necessidade de todos se adaptarem ao novo normal criado a partir da pandemia do coronavírus. As relações mudaram e vão mudar ainda mais. Nas empresas principalmente, a adaptação inclui nova postura. Em lugar da competitividade natural, entra em cena agora a empatia, ou seja, se colocar no lugar do outro. 

A importância dessa nova concepção tem a ver com a necessidade de recuperação de toda a sociedade. É evidente que alguns setores e pessoas ganharam com a crise. Mas a grande maioria perdeu. As perdas são significativas em todos os setores, não só o financeiro. O principal deles é o setor emocional e psicológico. 

Ainda continuam as perdas e a retomada exige uma consideração a tudo isto. As pessoas perderam essencialmente a liberdade de ir e vir. Isto é tão importante que está consignado na Constituição. Por isso, as chefias, os diretores e os investidores precisam ter olhos para a empatia. Além de ser uma boa estratégia, é humanidade. 

As mudanças devem abranger não só a postura de quem comanda. Elas precisam estar na comunicação e nas relações interpessoais e precisam envolver os colaboradores e também os clientes. Essa mudança advém do protagonismo da saúde e da tecnologia, que ganharam a linha de frente na vida de todas as pessoas agora. 

O coronavírus não escolheu gênero, classe ou região para provocar as tragédias que provocou. Por isso, mudou tudo na vida de todo mundo, desde as coisas mais comezinhas até as relações de trabalho e de como nos relacionamos em sociedade. Hoje até o valor que damos à vida mudou. 

De repente, no isolamento de nossas casas ou no trabalho com mais proteção e cuidados, descobrimos o que nos faz mais humanos, que é a capacidade de gerar conexões e de nos importarmos com o outro, porque isto reduz o estresse e a ansiedade e nos dá esperanças. 

Precisamos afastar hoje emoções perversas que eram comuns no ambiente de trabalho, como a competitividade e a pressão. Afinal, já estamos convivendo com medo, ansiedade, insônia, incertezas e vulnerabilidade. Lideranças empáticas percebem e valorizam isto no corporativo. 

No campo político, as mudanças precisam ser mais para o coletivo que para o individual. É urgente a adoção de uma série de reformas para reestruturar os mercados e enfrentar os problemas atuais e ainda os que virão. Estimular o emprego e a renda básica são as principais. 

Não dá para fechar os olhos para o fato de que 64 milhões de brasileiros estão desempregados, informais ou são autônomos ou microempreendedores. Estes tiveram de requerer o auxílio emergencial de R$ 600 por três meses e mostraram que algo precisa ser feito urgentemente. 

Os índices de desemprego enormes levaram muita gente a empreender, mas não se trata de ser empreendedor com sucesso garantido. Se trata de ser empreendedor para viver. Enquanto em 2019 o país atingiu 23,3% de taxa de empreendedorismo inicial, em 2020 já são 25% até aqui.