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Os desafios deste momento de pandemia são novos, mas quem está no mercado já enfrentou muitos outros tão difíceis quanto os de agora |
Herança sempre divide herdeiros.
Quando se trata de uma empresa então, muito mais. Há os que querem continuar o sonho de um pai, um avô ou até mesmo um bisavô. Mas há os que preferem vender tudo e fazer dinheiro.
Douglas, um amigo funileiro que conheci ao acaso ao fazer uma pergunta sobre o preço do reparo de um para-choque, viveu a segunda hipótese, após a morte do dono da oficina em que trabalhava.
Os herdeiros resolveram vender tudo assim que o enterro terminou.
- Ninguém queria continuar o negócio, porque ninguém entendia nada dele. Só eram parentes. Nunca acompanharam nada do que o velho Alfred havia construído, disse o funileiro quando me contou a história.
De repente, Douglas estava desempregado após quase 40 anos ininterruptos servindo aquela funilaria.
O desespero foi o primeiro. Perdeu o sono, ficou com o estômago embrulhado, a garganta seca. Não havia caminhos.
Uma pessoa com 40 anos de profissão hoje no Brasil dificilmente se recoloca no mercado. Havia uma família para sustentar ainda. Após educar e encaminhar os filhos, vieram os netos.
Mas Douglas encontrou a saída.
Conhecido na cidade e com uma atuação invejada, ele passou a alugar as oficinas de outros funileiros pagando uma pequena taxa. A estratégia deu tão certo que hoje ele não quer outro plano de negócio.
Consegue faturar 80% do que conseguia antes, mas não tem 70% dos problemas que os donos da empresa tinham de administrar.
A oficina virtual de funilaria é um sucesso.
Quem não se reinventa, não se sustenta.