16 julho 2020

Preste atenção no seu candidato

Uma das formas de o eleitor ficar atento ao seu candidato é pelo plano de
governo, que deverá ser apresentado até o dia 26 de setembro neste ano



Nos últimos quatro meses, o centro das atenções tem sido a pandemia provocada pelo novo coronavírus e nem poderia ser diferente com tantas mortes e tantos casos, mas o cidadão não deve se esquecer de que neste ano haverá eleições municipais para prefeito e para vereadores. 

Alguém poderá dizer que as eleições não têm nenhuma importância diante da situação caótica que o vírus tem provocado em toda a população ou pelo menos na maior parte dela, sobretudo naquela menos favorecida e que está sem emprego e sem renda neste momento. 

Mas o pleito é importantíssimo para a continuidade das atividades em todo o país a partir desta pandemia e frente às dificuldades surgidas por conta dela. Os novos dirigentes serão aqueles que terão o papel de retomar o desenvolvimento e de promover a recuperação efetiva. 

A pandemia vai se arrastar por mais alguns meses ainda e isto se as medidas de isolamento e de uso de máscaras e controle da contaminação forem seguidas, o que não tem sido, diga-se de passagem, e isto impedirá que os atuais governantes tomem medidas para o próximo ano. 

Se o eleitor escolher mal agora, estará cavando a própria cova, pois terá ainda mais dificuldades e mais problemas decorrentes da pandemia. Se considerar que existe a possibilidade de uma segunda onda de infecção até que seja concluída a primeira vacina, isto é sério demais. 

Então como evitar que a escolha seja ruim, ainda mais levando em conta que é uma decisão coletiva e que muitas vezes o nosso voto individual não é capaz de evitar o pior? A resposta é se envolvendo mais com a política e com a eleição, pois a política define os nossos destinos. 

Uma das formas é olhar o plano de governo dos candidatos, que terá de ser apresentado à Justiça Eleitoral até o dia 26 de setembro neste ano. É lá que estará o que será prioridade e o que realmente preocupa o postulante em relação a sua gente e aos seus propósitos. 

Não precisa ser político nem técnico para entender o que é o plano de governo. Precisa apenas ter sensibilidade. Todos nós sabemos o que é importante para a nossa cidade, o que está faltando, o que precisa ser melhorado. Basta querer participar e querer se importar. 

O que deve ser olhado é antes de tudo se o plano é exequível, se há recursos para fazer e se ele é realmente importante para a cidade. Por exemplo, se o candidato diz que fará um elevado no centro para desafogar o trânsito, pode ser uma roubada em uma cidade pequena. 

Afinal de contas, um elevado custa muito dinheiro e há outras maneiras de desafogar o trânsito em uma cidade pequena sem esse gasto todo. Só aí, o eleitor já identificou que a obra não é importante para cidade, não é exequível e terá certeza de que não haverá recursos para fazê-la. 

O problema é que a lei eleitoral foi alterada em 2009 e novamente recebeu remendos ano passado, mas não se mexeu nessa questão do plano de governo. Há uma exigência de que ele seja apresentado, mas não há quanto aos requisitos, formatos nem sobre a efetividade. 

Essa exigência de apresentação surgiu em 2009, mas note que nem na eleição de 2018 houve uma regularização. Só para se ter uma ideia, a candidata a presidente Vera Lúcia (PSTU) apresentou cinco páginas de plano. Já Guilherme Boulos (PSOL) elaborou um plano com 228 páginas. 

Como não há cobrança de nada sobre o que se coloca no plano de governo, a maioria dos candidatos coloca uma porção de propostas ilusórias e usa o marketing para puxar a atenção do eleitor para o seu nome com algumas que têm apelo mais forte conforme as necessidades do cidadão. 

É por isso que o eleitor precisa estar atento e reunir o condomínio onde mora, o bairro onde está, o pessoal da fábrica onde trabalha, da escola onde estuda, dos locais onde tem seus passatempos, para discutir o que está sendo proposto e derrubar proposições genéricas. 

Outra coisa é estabelecer compromissos assumidos com moradores ou grupos de moradores para obrigar os candidatos a cumprirem o que prometem. O plano de governo deve ser uma cartilha de cobrança do eleitor na condução do governo daqui para frente. 

As redes sociais terão um papel importantíssimo hoje para ajudar o eleitor na escolha. A capacidade de mobilização delas é muito maior do que a de quando os candidatos podiam visitar o eleitor de casa em casa. Que o eleitor as use em seu favor e em favor da coletividade.