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15 abril 2019

Livros


Escrever livros é uma história que começou como um sonho para mim. Todas as pessoas que escrevem querem um dia publicar o que escreveram. Esta não é uma tarefa fácil. Por isto, essa busca ficou apenas na minha cabeça durante muitos e muitos anos.

Comecei a publicar os primeiros textos só depois de vencer um concurso de redação no colégio, aos 17 anos. O texto vencedor "Num jardim domingo à tarde", que segue abaixo, me levou para o jornal "O Trabalhador" e dali vieram os livros listados abaixo deste texto.




Num jardim domingo à tarde


Camila Melo era o tipo de garota que encantaria qualquer um. A quem apenas a visse, pelo corpo esguio escultural, o rosto imaculado e os seios firmes e empinados, como se quisessem saltar da blusa. A quem tivesse a chance de conhecê-la, pela sua simpatia, pelo sorriso misterioso, pela voz aveludada e doce. Era impossível a qualquer mortal não se apaixonar por ela ou não querer receber os seus afagos.

Ela apareceu na casa de Adilson como uma completa estranha em uma sexta de 1974 em que ele assistia a um filme de Tarzan, em uma tevê preta e branca. Fora trazida pela irmã dele. Era prima de um conhecido dela. Estava de passagem por Salto e em férias. Tinha 21 anos, nove a mais que ele. Os instintos sexuais dele já desabrochavam e o garoto não a viu apenas como visita. Encantou-se com ela.

Na verdade, o que mais lhe chamou a atenção foi a visão que teve deitado no sofá de três lugares. Ele e seu irmão dividiam os dois sofás da sala. O irmão, menor, ficava no sofá menor. Adilson no sofá grande. A sua cabeça ficava perto da porta. Assim, olhava quem entrava debaixo para cima. Coisa de pivete. Camila entrou logo atrás da irmã dele vestindo saia quatro dedos acima dos joelhos. Estava sem calcinha.

Quando Adilson viu aquelas dobras rosadas coroadas por uma penugem negra ralinha, deu um salto no sofá. O irmão se assustou. As duas já haviam entrado para outro cômodo. Ele disse que fora o filme e se calou. O irmão não questionou. Adilson foi atrás delas. Sua irmã ralhou com ele. Mandou que voltasse à sala, pois não havia nada lá para ele. Estava inquieto demais. Foi ao banheiro, o seu esconderijo.

Lá, ele se confinava sempre que se sentia perturbado pelos instintos sexuais. Imaginava as cenas, os afagos, o auge. Tudo estava em suas mãos. Suava frio, ficava febril, a voz emudecia. Era tudo tão intenso que sempre viajava nos pensamentos. Parecia uma espécie de vício já. Só despertava daquele transe quando sua mãe gritava do lado de fora, brava com a sua demora. Desta vez o envolvimento fora maior.

Mesmo no banheiro ouvia a voz de Camila. Isto o fez ter uma imaginação mais viva que as outras. A imagem que conhecera havia pouco se misturava com as imagens que via nas revistas de nus. A diferença é que aquela garota se movia, tinha cheiro, cor viva. Pela primeira vez, desde que começara aquela rotina de confinado, sua voz saiu. Foi apenas um som: forte, grave, definitivo. Um urro.

Todos foram à porta do banheiro para ver o que acontecera. Ele despertou do momento mágico com as batidas das mãos pesadas do pai na porta. Tentou uma desculpa. De nada adiantou. Teve de sair para que vissem com os próprios olhos que estava tudo bem. Com as mãos molhadas ainda, apareceu sem graça. Disse que prendera os dedos na tampa do vaso, que era de madeira, ao tentar baixá-la.

Os dedos vermelhos soaram como justificativa real e todos começaram a se afastar. Camila riu travessa, como se soubesse o que acontecera lá dentro. Adilson não sabia se os outros também tiveram essa impressão. Ele só via a conhecida da irmã. Enquanto todos falavam ao mesmo tempo, os olhares dos dois se fixaram um no outro. Todos já haviam saído dali, menos ela. Perguntou se ele gostava de Tarzan.

Adilson gaguejou para responder que sim. Ela então fez um convite para que fosse assistir ao herói na casa onde estava passando férias. Lá, havia tevê em cor, acrescentou. As tevês coloridas ainda eram novidade na época. Ele perguntou quando e ela disse amanhã. Em seguida, fora chamada pela irmã dele e desapareceu como se fosse um gênio da lâmpada mágica vestindo saia. Nunca um dia demorou um ano.

Finalmente, quando chegou a hora de assistir, deu um jeito de o irmão menor e a irmã não irem. Chegou assustado. Foi recebido com simpatia. Sentou-se ao lado de Camila no sofá da sala. Havia outras pessoas. Mesmo assim, ele só viu e sentiu a presença dela. No intervalo do filme, todos saíram para a cozinha em busca de pipoca, menos ela e ele. A garota quase o enlouqueceu ao massagear de leve o seu sexo.

Ao mesmo tempo, aquilo fora gostoso e intrigante para ele. Adilson não sabia como reagir. Nunca experimentara uma sensação como aquela. Uma garota extremamente excitante para ele estava tocando exatamente onde ele mais pensava naquele momento. Com um diferencial: um toque suave, envolvente, quase apaixonado. Ele olhou ao redor e o medo de todos voltarem a qualquer momento o excitou mais.

Quando todos voltaram de fato, teve de se abaixar para esconder a ereção. Perguntaram o que havia acontecido. Ele mentiu: estava com dor de barriga. Precisava ir ao banheiro. Pediram que Camila o levasse. Eles saíram da sala juntos em completo disfarce. No corredor da casa, que levava ao banheiro, ela o agarrou e o beijou intensamente. O menino ficou transtornado. Não chegou ao banheiro. Saiu correndo.

O banheiro para onde rumou foi o da sua casa. Chegou como um vendaval e aportou lá. As pessoas da casa não se importaram muito, pois lá era o seu esconderijo. Demorou a sair. Quando conseguiu, estava mais leve, mas ainda lívido como veio. Ao se dirigir à sala, empalideceu ainda mais. Camila Melo estava lá como ele deixara. Conversava com a irmã dele. Não comentou a sua saída intempestiva.

Adilson deitou-se no sofá de três lugares com a cabeça para o lado da porta como sempre. Relaxou. Após um tempo conversando com a irmã dele, Camila passou por ele novamente com uma saia quatro dedos acima dos joelhos. Estava sem calcinha outra vez. Isto o remeteu aos momentos anteriores. Ela se sentara ao seu lado, tocara o seu sexo e, ao levá-lo ao banheiro, beijou-o completamente sem calcinha.

Esperou um pouco e foi atrás dela novamente. Camila seguia a pé, sozinha, cantarolando. Ele a alcançou, mas a voz não saia. Ela riu. Era mais bela ainda quando ria. Sem que ele esperasse ou por conta de esperar tantas coisas, ficou paralisado diante dela. Foi quando a garota disse que ele poderia vê-la inteiramente nua e fazer o que quisesse com ela domingo na praça. Pediu que a encontrasse no jardim.

No dia, ele deu algumas voltas pelo jardim sem vê-la. Sentiu-se enganado rapidamente e ficou com raiva. Mas os sentimentos desapareceram quando ouviu dela um “então você veio mesmo?”. Ele gaguejou que sim. Foram sem demora à parte detrás do chafariz, que tinha uma vala onde poderiam ficar sem serem vistos. Não havia muita gente. Ninguém notou para onde estavam indo e que estavam juntos.

No esconderijo, Camila começou a dançar sem música e a se despir ao mesmo tempo. Quando estava completamente nua, pediu que ele ficasse também. Em seguida, deitou-se e mandou que ele viesse sobre ela. Adilson estava excitado o suficiente e foi. Ao iniciar o ato, ela e ele gemeram. Mas ele de dor. “O que foi?”, ela perguntou. Ele olhou o sexo e viu sangue. Saiu dela e o sangue saia dele. A dor vinha disso.

Desesperou-se e fugiu, vestindo as roupas com pressa. Chegou em casa com a cueca e o shorts todos ensanguentados chamando pela mãe. Sem cerimônia e assustada, a mãe tirou os dois. “O que estava fazendo?”, perguntou. Adilson foi obrigado a contar. Bastou falar e levou tapas nas nádegas em repreensão. Foi levado ao hospital. Nada grave: a pele do prepúcio dele se soltara. Não era mais virgem.

Ele nunca contou com quem estava. Dias depois, longe da mãe, perguntou por Camila. A família onde estava informou que voltara para casa antes das férias acabarem porque o pai pedira. Não lhe deram contatos. Nem a irmã dele os tinha. Aquela garota bela e sensual passou então a fazer parte dos seus sonhos mais quentes e nunca realizados e o levou a inúmeras fugas ao esconderijo do banheiro.




Bibliografia



Poesia


A Nova Poesia Brasileira – 1983 – Editora Shogun Arte



Poesia Sertaneja – 1984 – Editora Lunardelli



Prêmio Moutonnée de Poesia – 2008 – Editora Ottoni



Poetas Brasileiros – 1988 – Editora Shogun Arte




Prêmio Moutonnée de Poesia - 2012 - Editora Schoba




Quase Poesia - Emoções de Um Pé Descalço Que Olhou o
Céu e 
Viu a Lua - 2018 - Editora ASLe





Crônica

Um Olhar Sobre Sorocaba – 2010 – Editora Ottoni




1º Concurso Literário Machado de Assis - 2015 - Canal 6 Editora





Ensaio


Salto - Por que me encanta? Histórias imperdíveis
sobre a terra de Tavares - 2016 - Editora Mirarte