12 junho 2020

Eu poderia comprar uma vila inteira

Felicidade não se compra com dinheiro, mas com boas relações e bom coração, cedo ou tarde
aprendemos de uma maneira ou de outra por essa vida afora



Dinheiro não traz felicidade. 

Esta frase sempre me foi repetida em casa. Não porque venho de família pobre, mas para que nunca colocasse a ambição à frente de tudo. 

Tem muita gente que zomba desta interpretação do dinheiro. Até há uma frase que se contrapõe: “Dinheiro não traz felicidade, manda buscar”. 

Mas acredito que o sentido inicial seja o verdadeiro. 

Certa vez, assessorava uma autoridade política importante e rica, a quem não faltava nada material. 

Em uma visita que fizemos juntos a uma favela, percebi que o que faltava a ela era o emocional. 

Ela tinha brigado feio com o marido. 

Estava abalada, mas, rigorosa com os compromissos, não quis adiar. 

Ventava muito nesse dia. 

O cabelo dela ficou todo bagunçado. 

Na visita, tomamos café com marido e mulher em um casebre que mal parava em pé. 

Os dois se tratavam com tanto amor. 

Causava inveja. 

Juntos, pediram à autoridade que eu assessorava apenas que lhes ajudasse em uma cirurgia de catarata para a mulher. 

Saímos do barraco e essa autoridade desabou em choro compulsivo. 

Eu não entendi de pronto. 

Ela então me perguntou: 

- Você é feliz? 

Eu retruquei: 

- Por quê? 

E ela respondeu: 

- Porque felicidade é isso. Eles têm um ao outro. Não precisam de mais nada. 

Fiquei sem saber o que dizer. 

Ela completou: 

- Eu poderia comprar essa vila inteira, mas não a felicidade deles.