29 maio 2020

Como enfrentar a pandemia?

Hoje escolas, professores e estudantes estão descobrindo ou reaprendendo com a substituição das aulas presenciais e essa tendência deverá se manter


Há uma preocupação muito grande em se definir como será a vida depois da pandemia. Existem especulações de todos os lados. O que não se diz é como está sendo a vida hoje. O que temos de fazer para viver esse momento. 

Não é só ficar em casa em isolamento social para quem precisa e pode. Menos ainda na dependência do auxílio emergencial do governo, que não saiu para 2 em cada 3 que pediram. Nem do auxílio às empresas para não demitir. 

Tudo isto é importante para manter a saúde, não se contaminar e garantir algum recurso para fazer valer o sustento da família, mas por quanto tempo e em que condições isto se dará daqui para a frente? 

Por conta do coronavirus, pelo menos 8,1 milhões de trabalhadores já tiveram seus contratos suspensos ou as jornadas e salários reduzidos, o que afeta não só a vida dessas pessoas como a economia dependente delas. 

Se um trabalhador recebe menos, ele gasta também menos, movimentando menos ainda o mercado a que tem acesso, seja na área comercial, industrial ou de serviços, reduzindo, portanto, o número de empregos nesses locais. 

Os dados do governo federal dão conta de que houve redução de jornada e salário de 50% para 1,4 milhão de trabalhadores, de 25% para 1,1 milhão e de 70% para 991 mil. O setor de serviços concentra mais de um terço disso. 

Nesse cenário o trabalhador precisa se preparar para enfrentar a pandemia hoje, não depois que ela passar. Todos os segmentos estão mudando de estratégia para se garantirem agora e após o problema dessa contaminação. 

E um dos grandes dramas que serão vividos por todos os trabalhadores daqui para frente é a questão dos direitos. Trabalhando em home-office as empresas descobriram que podem ter empregados de qualquer lugar do mundo. 

Mais que isto: não precisam gastar um dinheiro bastante alto com o pagamento de férias, 13º salário, INSS, FGTS, vale-transporte, vale alimentação e tantos outros direitos que hoje são um peso consideravelmente grande na folha. 

O trabalhador precisa se qualificar para esse mercado e precisa se disponibilizar para ele. As empresas se norteiam agora, mais do que nunca, pela sobrevivência. E serão cada vez mais digitais, sustentáveis, ágeis, enxutas e flexíveis. 

Há novos mercados que estão se abrindo, seja para quem tem boa formação, como na área de finanças, agora uma demanda grande das pessoas, até para quem não tem, como no comércio eletrônico, que requer entrega. 

Esses mercados passam também pelo entretenimento. Tão cedo não se verá mais eventos apinhados de gente, como cultos, festas, shows, casas noturnas, cinema. Mas já há iniciativas nessa área onde as pessoas vão de carro. 

Enfim, existem muitas oportunidades, mas existem também grandes dificuldades e competitividades. Algumas profissões e funções vão deixar de existir. As mudanças são necessárias para a readaptação do mercado. 

O governo do Estado acaba de anunciar que o Poupatempo, seu serviço de maior excelência, deixará de funcionar nos moldes atuais, afinal tudo já se faz por internet e não tem sentido manter uma estrutura física. 

Os supermercados estão investindo em profissionais que consigam fazer uma boa compra para o cliente distante, muito mais do que manter repositores de prateleiras e os responsáveis por estoques também não serão os mesmos. 

As empresas já estão repensando se devem fazer viagens, reuniões e treinamentos presenciais. Tudo passa a ter mais relevância à distância e com custos menores. A criatividade para encontrar mecanismos novos é fundamental. 

Não é só nas empresas: o ensino à distância também passou a ser uma alternativa para instituições desse setor. Hoje escolas, professores e estudantes estão descobrindo ou reaprendendo com a substituição das aulas presenciais. 

O mundo que está sendo construindo a partir dessa pandemia será um mundo muito diferente. Diferente na aparência, na forma se processar e nos resultados. Mas temos de fazer dele um mundo melhor, apesar de tudo.