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25 julho 2020

O mal que fazem ao turismo

Projeto do Trem Turístico ligando Salto e Itu ganhou um novo alento com a visita do
secretário de Estados de Turismo, Vinícius Lummertz, esta semana à cidade de Salto


A visita esta semana, aos municípios de Salto e de Itu, do secretário de Estado de Turismo, Vinícius Lummertz, dá um novo alento ao projeto do Trem Turístico. A ideia é que um trem tipo Maria Fumaça ligue as duas cidades para passeios de turistas no futuro. Só que o projeto, iniciado como um grande empreendimento há pelo menos dez anos, se arrasta com sucessivos adiamentos por diversas razões. 

O que é positivo agora é que o secretário anunciou pela primeira vez uma data efetiva para a conclusão das obras, que será o mês de novembro deste ano. É claro que o investimento tinha data para conclusão (era 3 de julho de 2018), mas a data nunca foi aventada com efetividade. Só agora parece que há uma disposição clara do governo do Estado em colocar um ponto final nessa história. 

Ainda assim, a entrega oficial do projeto para uso da comunidade não é uma certeza diante da pandemia provocada pelo novo coronavírus. Também o projeto está orçado em R$ 13,6 milhões envolvendo as duas cidades e não recebeu todos os recursos. Os dois municípios tiveram juntos aportes de quase R$ 60 milhões nos últimos oito anos, mas para obras diversas e não só para o projeto. 

A obra que mais aparece em Salto é a restauração da estação, a qual conta até mesmo com plataformas de embarque. Mas, assim como o restante do projeto, que vive um estado de abandono quase completo, a estação está sendo invadida pelo mato e pelas pichações de paredes. Foi abrigo de moradores de rua por conta do abandono, o que apressou a deterioração do local, apesar dos investimentos. 

A via férrea está escondida embaixo da vegetação, conta com espaçamento desproporcional dos dormentes e boa parte deles está rachada e podre. Construídas de ambos os lados da linha, as canaletas para escoamento da água das chuvas não receberam o tratamento correto e acabaram virando assoreamento para o rio Tietê nas proximidades. A situação é semelhante em toda ligação das duas cidades. 

Não dá, portanto, para se animar por completo, já que muita coisa terá de ser refeita e muito mais dinheiro terá de ser investido. Afora isto, será necessária a implantação de um plano bojudo de marketing para divulgar o projeto e os seus benefícios, a fim de atrair turistas. Também será necessária capacitação de funcionários, instalação de totens, banheiros em condições e lanchonetes. 

Que consigamos. 


Artigo publicado na seção opinião do Jornal Taperá de 25-07-20

24 julho 2020

A ameaça à Lei de Cotas

Apesar da Lei de Cotas, que completa 29 anos nesta sexta-feira (24), há pelo menos 
400 mil vagas para serem preenchidas por pessoas com deficiência e que não são



O governo federal enviou ao Congresso Nacional uma Medida Provisória com a qual tenta mudar para pior a Lei de Cotas, que completa 29 anos nesta sexta-feira (24). A iniciativa precisa ser barrada pelos representantes da população e o cidadão deve cobrá-los para que façam isto. 

A tentativa é alterar o artigo 93, o qual estabelece que empresas com cem ou mais funcionários destinem de 2% a 5% de suas vagas de trabalho a pessoas com deficiência ou beneficiários reabilitados, no sentido de atender jovens e adultos egressos do sistema de acolhimento. 

Se aprovada, a MP permitirá que as empresas optem por substituir a contratação de pessoas com deficiência e reabilitadas por jovens de 15 a 18 anos do sistema de acolhimento e por adultos de 18 a 29 anos egressos do mesmo sistema, que hoje não encontram trabalho. 

A proposta do governo é um retrocesso no que se refere ao alcance da Lei de Cotas, pois a exigência de contratação percentual de pessoas com deficiência ou reabilitadas é a principal razão hoje para que as empresas contratem esse tipo de mão de obra, em geral desprezada pelo mercado. 

Se não tiverem a obrigação, ainda que também não tenham simpatia pelos egressos do sistema de acolhimento, as empresas certamente vão preferir contratá-los a manter o processo atual, apenas para não terem de adaptar nenhuma área como hoje. 

É preciso lembrar que a situação das pessoas com deficiência e reabilitadas ainda não é boa mesmo com a lei. Neste momento, ainda há quase 400 mil vagas no país que deveriam estar ocupadas por essas pessoas, mas não estão por falta absoluta de fiscalização do governo. 

Há outro aspecto importante: com a pandemia provocada pelo novo coronavírus, a situação das pessoas com deficiência em idade de trabalhar ficou mais difícil. Muitas empresas não estão renovando o contrato ou não estão fazendo novos, gerando desemprego nesse setor. 

Só no Serviço Integrado de Reabilitação, Inclusão e Longevidade do Instituto Jô Clemente (antiga Apae de São Paulo), que insere pessoas com deficiência intelectual no mercado de trabalho desde 2013, pelo menos 440 novas inclusões previstas para este ano deixarão de acontecer. 

É claro que os projetos de inclusão de jovens do sistema de acolhimento são bem-vindos e necessários, mas não se pode despir um santo para vestir outro. É isto o que governo federal está fazendo com essa MP, em que pese a aura de boa intenção que apresentou aos congressistas. 

O último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), realizado em 2010, revela que há cerca de 45 milhões de pessoas com deficiência no país e desse total 31 milhões têm idade para ingressar no mercado de trabalho, além de reunirem condições para isso. 

Nesse cenário, é fundamental garantir a Lei de Cotas como vem sendo nesses 29 anos, ainda mais porque a Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) de 2018 já indicava que 441 mil pessoas com deficiência estão empregadas pela Lei de Cotas, mas outras 400 mil não. 

O Estado de São Paulo, que tem cerca de 140 mil profissionais com deficiência empregados, é o que tem o maior número de contratações do país. Em boa parte, essas contratações e o pleno desenvolvimento social dessas pessoas está garantido pela popularização da Lei de Cotas. 

O Serviço Integrado de Reabilitação, Inclusão e Longevidade do Instituto Jô Clemente implementou a metodologia do Emprego Apoiado em 2013 e já incluiu em São Paulo, por meio dela, mais de 2.500 pessoas com deficiência intelectual em empresas e órgãos públicos.

23 julho 2020

O efeito Mandetta

 

Luiz Henrique Mandetta, hoje aclamado por onde vai, está fazendo uma grande jogada
de marketing político, que aproveita o bom momento dele junto à opinião pública


Depois de demitir Luiz Henrique Mandetta (DEM) do ministério da Saúde em 16 de abril de 2020, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) volta a ter de enfrentar, a partir desta quinta-feira (23), o efeito Mandetta. 

O ex-ministro anunciou, em entrevista ao programa Ponto a Ponto, do canal BandNews TV, que vai se colocar em praça pública em 2022 como candidato a presidente ou carregando a bandeira de quem ele acreditar. 

E foi mais longe: disse que pode ter uma chapa à Presidência da República com o também ex-ministro Sérgio Moro (da Justiça), outro desafeto do presidente, igualmente demitido por ele, este no dia 24 de abril. 

Na verdade, o médico, hoje aclamado por onde vai, está fazendo uma grande jogada de marketing político, que aproveita o bom momento dele junto à opinião pública, fortalecido pela desastrada gestão do seu sucessor. 

Se observarmos a entrevista do ex-ministro, ele admite que pode ser candidato à presidência, mas afirma que existirão outros cargos em disputa em 2022, ou seja, ele se cacifa ao mesmo tempo para ser governador, vice-governador ou senador. 

Ex-deputado federal por dois mandatos, Mandetta sabe que o jogo político vive do momento e esperou o tempo certo para trocar a roupa de ministro pela roupa de candidato, sem tirar, é claro, a aura de salvador. 

Ninguém me tira da cabeça que Luiz Henrique Mandetta preparou tudo desde o início. Não só a candidatura agora, mas toda a atuação política no ministério. Inteligente como é, ele sabia que seria difícil conviver com Bolsonaro. 

Sendo assim, o melhor a fazer era cumprir o seu papel adequadamente e se opor, de início, de forma leve ao presidente e, depois de ganhar notoriedade, simpatia e confiança popular, de lideranças e da imprensa, se isolar. 

A cartada final seria sair do cargo no auge da crise e transferir tudo que não fez no combate ao coronavírus (lembrem-se que ele prometeu, entre outras, testagem em massa e não fez) para o seu sucessor e ao presidente. 

O anúncio de que se coloca como possível candidato à Presidência hoje vem cercado de cuidados de marketing: na entrevista, Mandetta diz, por exemplo, que prefere o centro aos extremos. Assim, pega quem não quer o PT e o ex-chefe. 

Outro aspecto que integra o planejamento de marketing político do ex-ministro é colocar o dedo na ferida, aberta por Bolsonaro, de ser preconceituoso e discriminatório, dizendo que no centro se respeita as individualidades. 

E complementa com a declaração de que vai promover a revolução de uma década. Sublinha na fala que a década de 2010 a 2020 foi jogada na lata do lixo. Ou seja, ataca diretamente o que foi pior do PT, o governo Dilma Rousseff. 

A estratégia o coloca em evidência como uma terceira via mais sensata, menos radical e mais inteligente, ao mesmo tempo que alinhada com o desenvolvimento. Em suma, é o que quer o brasileiro: que o país avance e se consolide. 

Mandetta age corretamente do ponto de vista do marketing político, porque se alia ainda a Sérgio Moro, que saiu do governo como uma grande vítima: o juiz tido como honesto e justiceiro, que acabou sem emprego por discordar de Bolsonaro.

As pesquisas de opinião mostram que o nome dos dois acabou fortalecido pela gestão Bolsonaro. O presidente é um político esperto, mas não soube dar conta de duas lideranças que cresciam em cima dos seus erros. 

Agora, vai depender muito do que Bolsonaro fizer e da forma como vai reagir à jogada de Mandetta. Se morder a isca e começar a atacá-lo ou descaracterizá-lo, tendência natural pelo seu perfil, vai perder mais ainda. 

Mas ninguém dê o assunto por encerrado, posto que a eleição só acontecerá no próximo ano e Bolsonaro tem a máquina pública na mão. Ele pode reverter esse quadro se trabalhar nos bastidores contra os ex-ministros. 

Contra Moro não há nada de ilegal. Seu senão é a ambição desmedida de ser tornar muito além de um juiz. Mas contra Mandetta pesam acusações do tempo em que foi secretário de Saúde de Campo Grande (MS). 

A população precisa estar de olhos bem abertos para não cair de novo nas ciladas que foram o governo Dilma e que está sendo o governo de Bolsonaro, na escolha que terá de fazer a partir da eleição do ano que vem. 

Mandetta tem um bom histórico: fala bem, é competente como médico, se portou muito bem durante a crise do coronavírus, sabe ser político e sabe utilizar o patrimônio político que herdou, mas não é nenhum salvador da pátria. 

Essa história me lembra a história do bode: um eleitor pede uma casa ao político e este lhe promete a moradia, mas pede para ficar com um bode até que arranje a casa. O bode torna a vida do eleitor um inferno, a tal ponto que ele só quer ter a casa anterior sem o bode. 

Precisamos observar que o sucessor de Bolsonaro precisa ser alguém com condições de levar o Brasil ao desenvolvimento de fato e de direito, com medidas que atendam a toda a população e não a segmentos. 

Nem Bolsonaro nem o PT, pelos nomes que apresenta, mostraram até agora condições de fazer isto. O governador João Dória (PSDB) é um nome isolado no seu partido e já mostrou que não cumpre o que promete. 

Se quiser se tornar um nome com reconhecida condição de governar o Brasil e levá-lo ao patamar que os brasileiros merecem e precisam, Luiz Henrique Mandetta terá de ir além do político com cara boa, simpático e querido.

22 julho 2020

A aposta do marco do saneamento

Novo Marco Legal do Saneamento visa levar o Brasil à universalização dos
serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário até 2033


Com a sanção do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) do Marco Legal do Saneamento Básico, a lei 14.026, no último dia 15 de julho, abre-se uma nova possibilidade de se resolver o problema do setor no Brasil.

Mas a proposta principal da legislação, de universalizar os serviços de abastecimento de água e de esgotamento sanitário até 2033, ainda é apenas uma aposta, com bons ingredientes para dar certo, nenhuma certeza.

Tanto que o próprio governo e os próprios legisladores já admitem uma possível prorrogação desse prazo até 2040, na hipótese de comprovação de que não haja viabilidade técnica ou financeira até o ano previsto inicialmente.

A aposta se baseia na mudança de modelo de investimento. Até agora vigoraram os contratos de programa. Ou seja, as cidades firmam acordos diretamente com empresas estaduais e municipais de água e esgoto.

Esses contratos contêm regras de prestação e tarifação e elas continuam agora. Mas no novo projeto cai o benefício de que as estatais assumam os serviços sem concorrência. Agora haverá a disputa e vence o melhor.

O governo e os legisladores que aprovaram o novo marco regulatório querem incentivar o investimento privado. O objetivo é ampliar as condições atuais. O modelo atual não se sustenta por falta de recursos financeiros.

Não só: também pelas ineficiências típicas de mercados sem concorrência, como a acomodação, a falta de investimentos estruturantes em prazos menores e ausência de uma eficiência de operação necessária e fundamental.

O que pega nessa aposta é que a mudança pode gerar mais briga e disputa que solução. É claro que as estatais não vão abandonar a possiblidade de negócio e sair sem mais. E a iniciativa privada também não vai investir sem garantias.

Enfim, a mudança de busca de investimento não pode significar abandonar as estatais. Em vez disso, deve promover um rigor maior na atuação delas. O que precisa melhorar é fazer as estatais atuarem de modo eficiente.

Entre os 20 vetos promovidos pelo presidente, alguns podem ser prejudiciais para o processo, mas no geral o novo marco garante boas iniciativas, como a concorrência e o estabelecimento de metas dentro dos objetivos macro.

Outra mudança importante é que se alteram as regras para o investimento. Antes as estatais não tinham recursos suficientes e reduziam o ritmo. Em contrapartida, a iniciativa privada não podia investir na gestão do Estado.

Agora haverá ainda padrões de fiscalização e controle dos contratos para que eles sejam iguais no Brasil todo. Isto não acontece hoje. Cada prefeitura faz o seu e isto compromete a execução adequada para o objetivo macro. 

Some-se a isso, o fato de que a Lei Nacional de Saneamento exige independência decisória. Isto livra a dependência política que existe em muitas cidades. Essa dependência tem prejudicado muito o resultado final.

Entre os vetos, foi positivo também ter barrado a renovação dos contratos sem licitação atuais firmados até 31 de março de 2022 por um prazo máximo de vigência de 30 anos, o que comprometia a espinha dorsal do projeto.

Ainda o veto do artigo 20 que permite que os serviços de limpeza urbana, coleta e destinação de resíduos sólidos sejam objetos de livre concorrência e licitações, o que não era permitido pela proposta aprovada pelo Congresso.

A Associação Brasileira de Empresas de Tratamento de Resíduos e Efluentes se pronunciou, dizendo que esse veto incentivará o fim dos lixões, que ainda existem em mais da metade dos municípios brasileiros infelizmente.

No Brasil, hoje são 3 mil lixões a céu aberto. A extinção deles depende de gestão ambiental. A cada 10 locais de destinação final de resíduos, sete são lixões. A maioria inflige as metas da Política Nacional de Resíduos Sólidos.

Não se sabe se dará certo, mas é fato que uma nação que pretende se desenvolver tem de mudar o quadro de falta de tratamento de grande parte do esgoto coletado e de falta de acesso à água tratada e à coleta de esgoto.

De acordo com estudos da ONU, para cada real investido em saneamento, dois reais são economizados em gastos em saúde e este número, sobretudo no atual momento de pandemia, é fundamental para os próximos anos.

21 julho 2020

O novo normal que precisa existir


Lideranças empáticas percebem e valorizam o relacionamento interpessoal no 
mundo corporativo, afinal isto promove uma melhoria dos sentimentos individuais


É cada vez maior a necessidade de todos se adaptarem ao novo normal criado a partir da pandemia do coronavírus. As relações mudaram e vão mudar ainda mais. Nas empresas principalmente, a adaptação inclui nova postura. Em lugar da competitividade natural, entra em cena agora a empatia, ou seja, se colocar no lugar do outro. 

A importância dessa nova concepção tem a ver com a necessidade de recuperação de toda a sociedade. É evidente que alguns setores e pessoas ganharam com a crise. Mas a grande maioria perdeu. As perdas são significativas em todos os setores, não só o financeiro. O principal deles é o setor emocional e psicológico. 

Ainda continuam as perdas e a retomada exige uma consideração a tudo isto. As pessoas perderam essencialmente a liberdade de ir e vir. Isto é tão importante que está consignado na Constituição. Por isso, as chefias, os diretores e os investidores precisam ter olhos para a empatia. Além de ser uma boa estratégia, é humanidade. 

As mudanças devem abranger não só a postura de quem comanda. Elas precisam estar na comunicação e nas relações interpessoais e precisam envolver os colaboradores e também os clientes. Essa mudança advém do protagonismo da saúde e da tecnologia, que ganharam a linha de frente na vida de todas as pessoas agora. 

O coronavírus não escolheu gênero, classe ou região para provocar as tragédias que provocou. Por isso, mudou tudo na vida de todo mundo, desde as coisas mais comezinhas até as relações de trabalho e de como nos relacionamos em sociedade. Hoje até o valor que damos à vida mudou. 

De repente, no isolamento de nossas casas ou no trabalho com mais proteção e cuidados, descobrimos o que nos faz mais humanos, que é a capacidade de gerar conexões e de nos importarmos com o outro, porque isto reduz o estresse e a ansiedade e nos dá esperanças. 

Precisamos afastar hoje emoções perversas que eram comuns no ambiente de trabalho, como a competitividade e a pressão. Afinal, já estamos convivendo com medo, ansiedade, insônia, incertezas e vulnerabilidade. Lideranças empáticas percebem e valorizam isto no corporativo. 

No campo político, as mudanças precisam ser mais para o coletivo que para o individual. É urgente a adoção de uma série de reformas para reestruturar os mercados e enfrentar os problemas atuais e ainda os que virão. Estimular o emprego e a renda básica são as principais. 

Não dá para fechar os olhos para o fato de que 64 milhões de brasileiros estão desempregados, informais ou são autônomos ou microempreendedores. Estes tiveram de requerer o auxílio emergencial de R$ 600 por três meses e mostraram que algo precisa ser feito urgentemente. 

Os índices de desemprego enormes levaram muita gente a empreender, mas não se trata de ser empreendedor com sucesso garantido. Se trata de ser empreendedor para viver. Enquanto em 2019 o país atingiu 23,3% de taxa de empreendedorismo inicial, em 2020 já são 25% até aqui.

20 julho 2020

Político não tem amigo

Políticos sempre se dão mal com amizades, porque elas não combinam com o poder devido
 aos interesses que geram, e elas sempre prejudicam a população 


Dizer que político não tem amigo soa como um comportamento hostil de alguém que não tem consideração com o outro. Não deixa de ser duro, é verdade, sobretudo em um dia como este 20 de julho, em que se comemora o Dia do Amigo no Brasil.

De qualquer modo, esta é uma realidade dos dois lados de observação: tanto nossa, os eleitores, no que se refere aos políticos, quanto dos políticos em relação aos demais. A razão é simples: para o eleitor, saber que o político tem amigos é perigoso e para o político também é.

Basta lembrar que todos os políticos flagrados com amigos nos últimos tempos ou até em tempos passados sempre estavam comprometidos. Ainda mais quando esses amigos eram empresários, empreiteiros e gente que ganhava alguma coisa a partir do Poder Público.

Não só: os amigos que ajudam a eleger também ajudam a governar e nem sempre têm as especificidades que cada função ou cargo público exige. Amigos que ajudam a eleger por trabalharem na campanha ou por financiarem-na também levam vantagens em favores de gabinete.

Enfim, amigos de políticos nunca se aproximam deles por nutrirem verdadeiramente uma amizade por eles. A aproximação visa sempre a conquista de vantagens. Não são só as financeiras que prejudicam o governo, as que permitem prioridades injustas ou inadequadas também.

Mas no Brasil é praticamente impossível afastar os amigos dos políticos, tanto porque as campanhas custam fortunas quanto porque a corrução segue impune. Mas esta é uma luta que vale a pena para que o Brasil deixe de ser esse país de fisiologismo e de populismo.

No caso dos políticos, o perigo também é grande. Quem não se lembra do famoso PC Farias, uma verdadeira bomba de informações ameaçando o governo Collor? Ou do agora ex-ministro Sérgio Moro, que saiu atirando em relação ao atual presidente Jair Bolsonaro (sem partido)?



PC Farias nunca quis entregar o ex-presidente Fernando Collor de Mello, mas era uma bomba
sempre prestes a explodir que tinha de ser tratada com muito carinho

Isto para falar só de subalternos que colocaram os titulares em maus lençóis, mas há também as amizades que terminaram mal entre políticos do mesmo nível. O caso mais rumoroso em Brasília envolveu a ex-presidente Dilma Roussef (PT) e seu então vice Michel Temer (PMDB).

Como disse, em uma frase célebre sobre a amizade na política, o jornalista Victor Lasky, colunista conservador dos Estados Unidos, que escreveu vários livros entre os mais vendidos e que morreu no início de 1997, “na política não há amigos, apenas conspiradores que se unem”.

Mas, independentemente dessas relações complicadas entre políticos, a amizade é um sentimento muito importante para o ser humano. Um estudo, realizado pela Universidade Harvard, nos Estados Unidos, revelou que o fator que mais influi na saúde das pessoas é a amizade.

Para o psiquiatra George Valliant, coordenador do estudo, a única coisa que realmente importa para as pessoas ouvidas na pesquisa são as suas relações com outras pessoas, o que lhes dá bem-estar. “Laços fortes de amizade aumentam a vida em até 10 anos”.

Pesquisadores da Universidade Duke, também nos Estados Unidos, descobriram que gente com menos de 4 amigos tem risco dobrado de doenças cardíacas. Tudo porque a ocitocina, hormônio que estimula as interações entre as pessoas, age como um oposto da adrenalina.

Se esta aumenta o nível de estresse, a outra reduz os batimentos cardíacos e a pressão arterial. Dessa forma, a ocitocina diminui a probabilidade de ataques cardíacos e a pressão. Por conta dessa redução, caem também ataques cardíacos e derrames. Ou seja, é melhor ter amigos.

18 julho 2020

O reforço da saúde

Prefeitura de Salto traz 80 estudantes de medicina para reforçar o atendimento
na rede básica com jornada diária de 8 horas e distribuição em praticamente todas as unidades


A Prefeitura de Salto anunciou esta semana a criação do programa “Missão Saúde” com um certo alarde, como se ele fosse uma solução para os problemas desse setor no município. Nas palavras do prefeito Geraldo Garcia (PP), o programa irá mais a fundo, focando a prevenção e a saúde e não apenas o enfrentamento a qualquer doença. Mas é bom que se diga que empregar 80 estudantes de medicina para estágio não é exatamente uma solução para os problemas do setor da saúde de qualquer cidade. 

Evidentemente, não se minimiza aqui a iniciativa, posto que a ação do Poder Público no sentido de resolver as mazelas do cidadão, seja em que grau for, é sempre bem-vinda e importante. Esses estudantes vão dar sangue novo para o atendimento, trazendo ao consultório da rede básica os últimos conhecimentos que se tem na medicina ensinada nas faculdades. Em troca, receberão dos inúmeros usuários do sistema toda a sorte de situações práticas que eles terão de enfrentar na vida profissional tão logo se formem. 

Como são estudantes do último ano do internato de medicina e como terão a supervisão de professores com larga experiência, é de se esperar um bom entrosamento da oferta e da procura. Outro ponto positivo é o fato de darem expediente de 8 horas diárias até completarem as horas exigidas para a formação universitária, já que os médicos da rede não cumprem essa jornada. Espera-se que o entrosamento seja bom também deles com os médicos e com os demais funcionários em atividade na rede. 

Afora isso, é exagero dizer que o fato de 80 estudantes morarem e terem vida social na cidade ajudarão a economia local, sobretudo porque o consumo de estudantes não atinge setores fundamentais. É entusiasmado demais também achar que o fato de serem distribuídos por praticamente todos os setores da saúde ou por serem oriundos de todos os Estados do país será suficiente para trazerem uma bagagem capaz de mudar a situação da saúde, em que pese representarem uma melhoria. 

Também é ilusório de parte do secretário de Saúde, Fernando Amâncio, acreditar que a demanda pelos serviços dos postos de saúde e do pronto socorro diminuirá por conta do acréscimo dos estudantes. A demanda da saúde é sempre crescente e aumentará ainda mais se o atendimento for bom e recomendável, já que a carência e a defasagem nessa área são tão grandes em todo o país que as migrações para atendimento são mais frequentes do que as de eleitores de uma cidade a outra para votar. 

De qualquer forma, sucesso a eles.



Artigo publicado na seção opinião do jornal Taperá de 18-07-20

16 julho 2020

Preste atenção no seu candidato

Uma das formas de o eleitor ficar atento ao seu candidato é pelo plano de
governo, que deverá ser apresentado até o dia 26 de setembro neste ano



Nos últimos quatro meses, o centro das atenções tem sido a pandemia provocada pelo novo coronavírus e nem poderia ser diferente com tantas mortes e tantos casos, mas o cidadão não deve se esquecer de que neste ano haverá eleições municipais para prefeito e para vereadores. 

Alguém poderá dizer que as eleições não têm nenhuma importância diante da situação caótica que o vírus tem provocado em toda a população ou pelo menos na maior parte dela, sobretudo naquela menos favorecida e que está sem emprego e sem renda neste momento. 

Mas o pleito é importantíssimo para a continuidade das atividades em todo o país a partir desta pandemia e frente às dificuldades surgidas por conta dela. Os novos dirigentes serão aqueles que terão o papel de retomar o desenvolvimento e de promover a recuperação efetiva. 

A pandemia vai se arrastar por mais alguns meses ainda e isto se as medidas de isolamento e de uso de máscaras e controle da contaminação forem seguidas, o que não tem sido, diga-se de passagem, e isto impedirá que os atuais governantes tomem medidas para o próximo ano. 

Se o eleitor escolher mal agora, estará cavando a própria cova, pois terá ainda mais dificuldades e mais problemas decorrentes da pandemia. Se considerar que existe a possibilidade de uma segunda onda de infecção até que seja concluída a primeira vacina, isto é sério demais. 

Então como evitar que a escolha seja ruim, ainda mais levando em conta que é uma decisão coletiva e que muitas vezes o nosso voto individual não é capaz de evitar o pior? A resposta é se envolvendo mais com a política e com a eleição, pois a política define os nossos destinos. 

Uma das formas é olhar o plano de governo dos candidatos, que terá de ser apresentado à Justiça Eleitoral até o dia 26 de setembro neste ano. É lá que estará o que será prioridade e o que realmente preocupa o postulante em relação a sua gente e aos seus propósitos. 

Não precisa ser político nem técnico para entender o que é o plano de governo. Precisa apenas ter sensibilidade. Todos nós sabemos o que é importante para a nossa cidade, o que está faltando, o que precisa ser melhorado. Basta querer participar e querer se importar. 

O que deve ser olhado é antes de tudo se o plano é exequível, se há recursos para fazer e se ele é realmente importante para a cidade. Por exemplo, se o candidato diz que fará um elevado no centro para desafogar o trânsito, pode ser uma roubada em uma cidade pequena. 

Afinal de contas, um elevado custa muito dinheiro e há outras maneiras de desafogar o trânsito em uma cidade pequena sem esse gasto todo. Só aí, o eleitor já identificou que a obra não é importante para cidade, não é exequível e terá certeza de que não haverá recursos para fazê-la. 

O problema é que a lei eleitoral foi alterada em 2009 e novamente recebeu remendos ano passado, mas não se mexeu nessa questão do plano de governo. Há uma exigência de que ele seja apresentado, mas não há quanto aos requisitos, formatos nem sobre a efetividade. 

Essa exigência de apresentação surgiu em 2009, mas note que nem na eleição de 2018 houve uma regularização. Só para se ter uma ideia, a candidata a presidente Vera Lúcia (PSTU) apresentou cinco páginas de plano. Já Guilherme Boulos (PSOL) elaborou um plano com 228 páginas. 

Como não há cobrança de nada sobre o que se coloca no plano de governo, a maioria dos candidatos coloca uma porção de propostas ilusórias e usa o marketing para puxar a atenção do eleitor para o seu nome com algumas que têm apelo mais forte conforme as necessidades do cidadão. 

É por isso que o eleitor precisa estar atento e reunir o condomínio onde mora, o bairro onde está, o pessoal da fábrica onde trabalha, da escola onde estuda, dos locais onde tem seus passatempos, para discutir o que está sendo proposto e derrubar proposições genéricas. 

Outra coisa é estabelecer compromissos assumidos com moradores ou grupos de moradores para obrigar os candidatos a cumprirem o que prometem. O plano de governo deve ser uma cartilha de cobrança do eleitor na condução do governo daqui para frente. 

As redes sociais terão um papel importantíssimo hoje para ajudar o eleitor na escolha. A capacidade de mobilização delas é muito maior do que a de quando os candidatos podiam visitar o eleitor de casa em casa. Que o eleitor as use em seu favor e em favor da coletividade.

14 julho 2020

5 dicas para enfrentar a pandemia


É preciso acreditar que pandemia vai acabar e manter a esperança de que toda 
a situação difícil do isolamento social pode ser driblada

Provocada pela infestação do novo coronavírus, a pandemia tem causado problemas de toda sorte. Todos enfrentam hoje, junto ou alternadamente, o desemprego, a quebra de negócios, crises mais intensas na convivência e o medo de sofrer uma contaminação pela Covid-19. Tudo isto aliado a uma falta de liberdade de ir e vir.

Não é à toa que as empresas farmacêuticas registraram em maio uma elevação nas vendas de remédios para ansiedade e insônia da ordem de 60%. Está difícil encostar a cabeça no travesseiro e dormir como antes ou nem isso: apenas conseguir repousar o suficiente para recarregar as energias e fazer com que estejamos bem no dia seguinte.

O Google fez um levantamento que constatou que a palavra insônia foi a mais procurada em sua plataforma entre os meses de abril e maio. O aumento no volume de buscas foi de 130% e o que mais se buscou, em torno do termo, foram substâncias para auxiliarem no tratamento desse sintoma comum em momentos de crise.

Não é hora de enlouquecer, evidentemente, mas não há uma receita que seja definitiva para enfrentar a situação. Especialistas e pessoas que já viveram muitas crises dão algumas dicas para passar por esse momento. O ideal é se inspirar nelas e desenvolver uma lista própria baseada na condição de cada um para enfrentar o problema.

A primeira delas é separar o mundo real do mundo imaginário, ou seja, não entrar na neura. Existe sim o risco da contaminação, mas ele não é igual para todos e não está em tudo como se possa intuir. Por isso, não perca tempo tentando desinfetar até a pizza com álcool gel como vi em um seriado da tevê esses dias, pois isso é loucura.

Como separar uma coisa da outra? Da mesma forma que se enfrenta o TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo), isto é, reconhecendo que pensamentos e comportamentos obsessivos vêm de um distúrbio. Então é preciso redirecionar os pensamentos para outras coisas que não afetam tanto a vida, mesmo que exija mais trabalho.

A segunda é acreditar que vai ter fim. Já recebi mensagens em redes sociais de gente que deu a vida por encerrada. Essas pessoas não acreditam mais que vai acabar essa situação. Ao contrário disso, é preciso acreditar sim que a pandemia vai atingir um auge e vai diminuir. A volta ao normal pode e deve demorar, mas ela vai existir.

Há quem fale em um prazo até outubro, outros até o final do ano, mas o mais realista de todos é pensar em algo em torno de 18 meses. É claro que não se fala aqui nesse tempo para voltar a sair de casa ou para voltar às atividades econômicas, mas sim voltar a ter uma vida normal outra vez, já que até lá haverá vacina e outras ações necessárias.

A terceira dica é tentar encontrar serenidade para enfrentar a situação. Tenho amigos que falam em surto de inconformidade com o isolamento social. Pessoas que dizem que pegam o carro para dar uma volta de máscara e passar álcool gel em tudo 10 ou 20 vezes. Só para terem a satisfação de que não estão presas, não estão bloqueadas.

É claro que é difícil conviver com um confinamento. Mas há maneiras de passar por isso sem ficar no limite. A principal delas é manter uma rotina de atividades, fazer coisas de que gosta, exercício físico e trabalhar o emocional com meditação, relaxamento e alimentação regular. Não encarar a situação como final ou como prisão.

A quarta sugestão é manter a preocupação e a ajuda ao próximo. Não importa qual o tipo de ajuda. O que importa é ajudar e pensar nas pessoas que estão em situação pior e que precisam de auxílio. Isto não cabe só ao governo, às autoridades, aos empresários. Vale doar máscara, comida, trabalho e até mesmo os ouvidos para escutar queixas.

Por incrível que pareça, essa preocupação e o auxílio a quem precisa aliviam o coração e reduz o estresse do isolamento. Existem pessoas que não sabem preencher os dados do aplicativo do banco para receber o auxílio do governo, que não sabem reunir documentos para pleitear ajuda. Enfim, são muitas as formas de ajudar.

A última e não menos importante dica é não perder a esperança. Existem pessoas que já viveram crises muito graves e muito difíceis antes dessa e elas se mantiveram firmes para passar por elas com a esperança. Nesta vida se perde tudo, mas nunca se pode perder a esperança. Ela é inerente ao ser humano e fundamental para ele.

Imagine que antes da pandemia, não havia leitos em UTIs e nem leitos comuns suficientes. Era inimaginável que tudo o que foi criado -e ainda não é suficiente, é claro-, pudesse estar disponível como está agora. Mas a pandemia exigiu e foi feito, ou seja, não há uma situação instransponível. A esperança nos move agora para a vacina e ela virá.

11 julho 2020

Pelo fim da rede de fake news

Mais do que identificar, punir e barrar a ação das pessoas que usam de fake news
para obter vantagens ilícitas, a polícia e a justiça têm a obrigação de fazer parar


A revelação de que existe uma rede de “fake news” atuando nos bastidores da política em Salto, feita a partir das declarações do vereador Antônio Cordeiro (PT), nesta semana, que move processo para identificar e punir os responsáveis, traz à luz uma realidade que atormenta figuras públicas da cidade há muito tempo e que precisa ser estancada definitivamente com a retirada dos autores de circulação. 

Trata-se de um jogo sujo, praticado por quem não tem coragem de mostrar a cara e enfrentar aqueles que considera inimigos, com argumentos e com fatos, para provar que tem razão. Pessoas rasas como essas preferem se esconder em perfis falsos para poderem falar o que desejam, porque sempre acharam que nunca seriam pegos ou que nunca teriam de responder pelo que fazem ou dizem. 

Na política e na vida, é essencial que as pessoas tenham responsabilidade pelos seus atos e que assumam efetivamente aquilo que defendem, seja certo ou errado. A covardia de se esconder para poder falar mostra que nem essas pessoas acreditam naquilo que dizem e que agem assim, porque temem as consequências que suas opiniões e atos pode gerar diretamente para si e também para suas famílias. 

Mais do que identificar, punir e barrar a ação dessas pessoas, a polícia e a justiça têm a obrigação de fazer parar. A rede social não é mais terra de ninguém como era antigamente. Hoje já existe um marco legal que permite disciplinar o uso e atribuir responsabilidades e punições para quem não age corretamente, nem com relação às redes sociais nem com relação ao que é viver em sociedade. 

Há um tempo atrás uma deputada estadual de Sorocaba levou às barras dos tribunais um cidadão de Votorantim, responsável por dizer, nas redes sociais, que ela deveria voltar a encostar o umbigo no fogão e deixar de atuar na política, pois era uma mulher. Nada mais ofensivo do que julgar uma pessoa pelo sexo e mais ainda atribuir a essa pessoa uma incapacidade justamente por fazer parte do sexo feminino. 

Como a legislação estabelece regras claras, a deputada em questão conseguiu identificar o agressor e depois participar de uma audiência com ele, na qual pode dizer tudo o que pensava do raciocínio tacanho que ele demonstrou, e não aceitou as desculpas dele perante o juiz, o que encerraria o caso, obrigando-o, ao contrário, a pagar uma multa pesada, que ela reverteu em favor de uma entidade assistencial. 

A informação sobre a atitude da deputada se espalhou para toda a região e hoje ninguém se arvora a dizer inverdades contra ela nas redes sociais, sobretudo com perfis anônimos ou falsos. Essas pessoas, que ainda costumam agir como se a internet fosse terra sem lei, sabem que serão buscadas, identificadas e punidas, porque a parlamentar age com rigor em relação a isto e por isso preferem não fazer. 

Que aconteça assim aqui. 


Artigo publicado na seção opinião do Jornal Taperá de 11-07-20

07 julho 2020

‘Carrie, a Estranha’ quase não sai

Todos os autores cederam os direitos da publicação em favor do projeto “Missão Covid”, uma plataforma criada para unir pacientes e médicos por meio da telemedicina (ligação por vídeo) para combater a doença  


Hoje, quando participei do lançamento do livro “Crônicas da Quarentena”, que reúne 39 crônicas premiadas em um concurso do Clube de Autores, realizado no início de abril deste ano, uma das quais é de minha autoria, lembrei-me da história do escritor norte-americano Stephen King.

Isto porque, ao contrário do que se possa imaginar diante do confinamento obrigatório da pandemia causada pelo coronavírus, a afluência de participantes ficou bem aquém do ideal, o que dá uma certa frustração em quem escreve e especialmente ao lançar uma obra para o público. 

Antes da fama e de se tornar o escritor que é hoje, Stephen King, o nono autor mais traduzido do mundo, amargou a rejeição dos editores de livros e se achava um fracassado. Seu primeiro livro, “Carrie, a Estranha”, quase não passou de uma ideia desprezada jogada no lixo. 

“Carrie” contava a história de uma jovem com poderes psíquicos, que se vingava de alunos da escola, onde estudava, por sofrer bullying. Mas a estória não empolgou as editoras e essa recepção trouxe uma irritação tão grande a King, que ele amassou o romance inteiro. 

A literatura mundial, sobretudo as de terror, ficção sobrenatural, suspense, ficção científica e fantasia, nas quais o escritor norte-americano é especialista, não perdeu esse grande representante graças à Tabitha Spruce, com quem ele se casou em 2 de janeiro de 1971. 

Também romancista e ativista filantrópica, Tabitha não concordou com os editores em rejeitar a obra do marido e nem com a decisão do companheiro de abandoná-la. Ela apanhou os amassados do lixo e disse a ele que ele era um grande escritor e que tudo iria mudar, bastava ele insistir. 

Essa mensagem de ânimo e de esperança, que certamente todo autor gostaria de ouvir, foi o que garantiu a continuidade da história do escritor norte-americano. Em princípio, Stephen King não acreditou muito, mas, como a mulher era romancista, ela lhe deu ideias e sugestões. 

Era difícil e angustiante, mas ele acreditou nelas, pegou os originais e acrescentou algumas coisas, como o fato de Carrie destruir a cidade fictícia de Chamberlain, onde vivia, por conta do bullying, e o livro ganhou, como o próprio autor descreveu, um poder surpreendente de horrorizar. 

Lançado em 5 de abril de 1974, com uma primeira tiragem aproximada de 30 mil cópias, o romance rendeu a Stephen king 2,5 mil dólares adiantados e outros 200 mil dólares de direitos autorais depois e se tornou best-seller, filme, programa de TV, musical e peça teatral. 

Hoje os livros de King já venderam mais de 400 milhões de cópias e já foram traduzidos para mais de 40 países. O norte-americano publicou 59 romances, 7 sob pseudônimo de Richard Bachman e 6 de não ficção. E escreveu cerca de 200 contos. Alguns viraram filmes, séries e minisséries. 

Ou seja, nem sempre a recepção que se espera é a que acontece e também não é todo dia que uma boa obra consegue conquistar e persuadir um leitor a ir ao seu encontro, mas, nós como autores, a exemplo do que disse a esposa de King, temos de insistir, insistir, até conseguir. 

Quando lancei o meu primeiro livro, me lembro de ter recebido de uma leitora uma mensagem muito delicada, na qual ela dizia que esperou a publicação chegar às suas mãos para mergulhar em uma leitura ávida: “Eu abracei o livro, fechei os olhos e agradeci”, ela disse. 

Todos nós precisamos de incentivos naquilo que fazemos, mas nada tem a força e o peso de quando alguém acredita em nosso trabalho e confia seu tempo para desfrutar do conteúdo que produzimos: escrever é um ato solitário, mas é capaz de mexer com um planeta inteiro.

O livro "Crônicas da Quarentena" foi lançado nesta terça-feria (7) 
pelo Clube de Autores e está à venda na internet (veja abaixo)


Serviço 

O livro “Crônicas da Quarentena” pode ser adquirido no site: https://clubedeautores.com.br/livro/cronicas-de-quarentena, do Clube de Autores, pelos preços: R$ 45,15 para a versão impressa, a ser entregue pelos Correios, e R$ 22,60 para a versão ebook, a ser baixada no computador. Todos os autores cederam os direitos da publicação em favor do projeto “Missão Covid”, uma plataforma criada para unir pacientes e médicos por meio da telemedicina (ligação por vídeo) para combater a doença provocada pelo coronavírus, principalmente para as pessoas que não dispõem de plano de saúde no momento. Participe.

04 julho 2020

A necessidade de um plano de retomada

É imperioso que as prefeituras e as autoridades dos municípios estabeleçam 
um plano urgente de retomada da economia pós pandemia ou em meio a ela


Chegamos literalmente à metade do ano nesta semana, mais precisamente na quinta-feira (2), mas as perspectivas de retomada da economia ainda estão bastante amarradas. A razão principal é que Salto voltou à classificação vermelha do Plano São Paulo, a mais restritiva, por conta da elevação no número de casos da Covid-19, que chegou a 250, e de mortes, exatamente dez já. Mas é imperioso que a Prefeitura e as autoridades do município estabeleçam um plano urgente de retomada da economia. 

Além das perdas de vidas humanas, o que já é um patrimônio inestimável, estão ocorrendo perdas significativas de postos de trabalho e de atividade econômica, onde estão as geratrizes de movimentação financeira. A situação é crítica. Taperá mostra nesta edição que foram fechados 751 postos de trabalho com carteira assinada, de janeiro a maio, em Salto. Isto fora os postos de trabalho informais que estão sendo fechados ou já foram e que são bem mais que o número oficial, sem dúvida nenhuma. 

O recuo da atividade econômica também pode ser observado com muita preocupação: entre janeiro e maio foi de 2,41%, mais uma vez se falando apenas em termos oficiais, ou seja, aquilo que está legalmente registrado. O impacto da paralisação da economia é muito maior se forem considerados os serviços informais, como pedreiros, eletricistas, catadores de recicláveis, costureiras, mecânicos, enfim a variedade de profissões e atividades é enorme. Não há uma estatística oficial a respeito, mas se sabe que é grande. 

A paralisação da economia está afetando todos os setores: nesta semana o Centro Universitário Nossa Senhora do Patrocínio, que agora é ligado ao Cruzeiro do Sul Educacional, uma das maiores organizações educacionais do país, anunciou demissões de professores. Pelo menos 20 deles, alguns com muitos anos de casa, foram dispensados e afetaram diretamente, com suas saídas, oito cursos diferentes. Não há como a instituição suportar a falta de atividade e manter o quadro de pessoal e a estrutura de ensino. 

A ação desse plano de retomada precisa contemplar duas áreas fundamentais: a primeira é a manutenção da segurança de saúde das pessoas, o que exige ainda o isolamento social, mas com a liberação para o trabalho daquelas pessoas que já podem voltar por exercerem atividades das quais não podem se ausentar, e a segunda a consequente fiscalização para obrigar o uso de máscara e o respeito ao distanciamento e o impedimento de aglomerações. Afora isto, precisa ter ideias práticas de como voltar ao trabalho. 

Não dá para esperar mais. 



Artigo publicado na seção opinião do Jornal Taperá de 04-07-20

03 julho 2020

A importância de se cultivar lideranças


Precisamos de lideranças nascidas do interesse público. Do contrário, vamos ser um país cada
vez mais pobre de líderes e cada vez mais afundado em corrupção, desgoverno e atraso


O Brasil vive atualmente uma crise brutal de liderança na área política, que é a área que comanda bem ou mal os destinos da nação. A ação do presidente, confrontando possíveis rivais na disputada pela reeleição em detrimento da saúde da população, é triste, para dizer o mínimo. 

Não se concebe que um presidente de um país com tantas desigualdades como é o Brasil se permita vetar o uso de máscaras em estabelecimentos comerciais, industriais e de ensino, templos religiosos e demais locais fechados em que haja reunião de pessoas, ignorando a prevenção. 

O uso de máscaras é uma das medidas mais importantes para evitar o contágio do novo coronavírus, de acordo com todos os protocolos científicos e da OMS (Organização Mundial de Saúde), e o veto ao seu uso obrigatório incentiva aqueles que são irresponsáveis a não usar. 

Diante de lideranças divergentes e enfraquecidas por essa divergência em um assunto tão importante, o cidadão acaba não atendendo bem nem a um nem a outro. Quem perde com isto é o país, que ainda não conseguiu retomar a sua economia e perde milhares de vidas todo dia. 

É por essa razão que é fundamental cultivar a criação de líderes e valorizar quem tem essa qualidade natural. Viver nessa confusão que se instala todo dia é dar margem para que o país venha a patinar ainda mais na sua recuperação. Hoje ninguém sabe a quem seguir, a quem atender. 

Não é à toa que não temos líderes políticos genuínos atualmente. A maioria das lideranças que comandam todas as instâncias de poder, com raras exceções, é proveniente de oportunidades de momento. São líderes forjados no vácuo da decepção com outra ala que a antecedeu. 

Precisamos de lideranças nascidas do interesse público, com todo o rigor das leis que regulam a coisa pública, mas com liberdade para trabalhar. Do contrário, vamos ser um país cada vez mais pobre de líderes e cada vez mais afundado em corrupção, desgoverno e atraso. 

Há que se valorizar nessa busca homens de vida pregressa de respeito, porque estes podem conduzir o povo para o melhor caminho. É claro que estes podem também enveredar para o erro e decepcionar quem confiou a eles o seu destino, mas isto é mais raro. 

Aproveitando a data e o tema liderança, trago aqui um personagem bíblico importante que encarna o clima atual pela forma como ficou conhecido e que a igreja comemora o dia neste 3 de julho: São Tomé, o símbolo da dúvida, já que ousou duvidar dos apóstolos sobre o retorno de Jesus. 

No Evangelho de São João, há um relato sobre essa passagem. Jesus apareceu aos apóstolos depois da ressurreição, mas Tomé não estava entre eles. Quando lhe contaram, ele disse que só acreditaria se tocasse as chagas do Cristo e o ferimento que tinha na lateral do corpo. 

Passaram-se oito dias e então Jesus reapareceu, mas desta vez Tomé estava com eles. Então Jesus disse a ele: venha tocar as chagas e o ferimento. Ele tocou e disse: “Meu Senhor e meu Deus”. E Jesus disse: “Agora acredita, mas bem-aventurados os que não veem, mas acreditam”. 

Por que Jesus deu essa colher de chá para Tomé? Qualquer um podia duvidar de qualquer coisa. Só que Tomé tinha uma vida pregressa importante para os objetivos de Jesus. Ele era um líder que conseguia arrastar pessoas atrás de si e que era confiável a todos os que o cercavam. 

Tomé era judeu da Galileia e como outros discípulos era um pescador. No primeiro encontro dele com Jesus, às margens do mar de Tiberíades, os pescadores tinham saído para pescar e não pegaram nada. No retorno, Jesus disse: “Joguem a rede do lado direito” e os peixes apareceram. 

Quando Jesus disse que iria ver Lázaro, irmão de Maria, que estava doente. Os apóstolos não queriam. Disseram que ele corria risco de ser apedrejado lá. Isto porque pouco antes já houvera uma ameaça do tipo. Mas Jesus disse que iria, porque Lázaro havia morrido e ele iria acordá-lo. 

Ao ver a decisão tomada, Tomé disse aos demais apóstolos: “Se Jesus vai enfrentar quem pode apedrejá-lo, então vamos nós também para morrermos com ele”. Todos os apóstolos seguiram Tomé e deram o suporte que Jesus precisava para aquele momento importante. 

A segunda vez em que Tomé demonstrou como o seu apoio era importante para o mestre foi na Santa Ceia. Após Jesus saber que fora traído por Judas e se retirar do meio dos apóstolos, Tomé disse: “Senhor, nós não sabemos para onde vais, como podemos conhecer o caminho?” 

A resposta de Jesus constituiu uma máxima da igreja até hoje repetida: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vai ao Pai, senão por mim.” Tomé deu a Jesus a oportunidade de mostrar o caminho e de conduzir aqueles líderes para que eles conduzissem o povo. 

Ou seja, por que Jesus deu a Tomé a oportunidade de comprovar que ele estava ali depois da ressurreição? Porque Tomé poderia fazer muito em seu favor com isto. E fez: depois da morte de Jesus, Tomé estendeu seu apostolado até a Índia e conquistou muitos seguidores. 

Em Malabar, surgiu uma fervorosa comunidade cristã em torno dele, que fundou a Igreja de São Tomé. O apóstolo foi martirizado e morto pelo rei de Milapura, na cidade indiana de Madras, onde fica o "Monte São Tomé" e a "Catedral de São Tomé", supostamente o local de seu sepultamento.

30 junho 2020

Mais uma vez o oportunismo

A recriação do horário eleitoral, proposta por deputados federais, pode custar mais 
de R$ 476 milhões aos cofres públicos, conforme avaliação da Receita Federal com base no último pleito



Deputados federais fazem mais uma vez o jogo do oportunismo ao negociar a aprovação do adiamento da eleição, de outubro para novembro deste ano, em troca da volta da propaganda eleitoral no rádio e na televisão. 

Não cabe discutir agora esse retorno. O ponto em questão é a adaptação aos efeitos da contaminação pelo coronavírus. Depois, os custos dessa empreitada são totalmente desnecessários e esse dinheiro fará falta. 

Ao que se sabe, a iniciativa para fazer a barganha parte de deputados do Centrão, um bloco informal de centro-direita que se aliou ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido), e teria outros objetivos ainda para por em curso. 

Esses parlamentares estariam contando, por exemplo, com a destinação de mais recursos da União para o Fundo de Participação dos Municípios, o que, automaticamente, gerará mais despesas para os cofres da União. 

O grupo defende o retorno da propaganda eleitoral, porque entende que a propaganda partidária, utilizada nos anos em que não tem eleição, é diferente da propaganda eleitoral, exibida nos anos em que há eleições. 

Para esses deputados, as finalidades são diferentes. A partidária é usada para difundir programas das legendas, transmitir mensagens aos filiados sobre a execução dos programas e divulgar o partido. A eleitoral, os candidatos. 

Mas o objetivo principal é dificultar o adiamento para provocar a prorrogação de mandatos dos atuais mandatários. Esses parlamentares querem que as eleições coincidam com as de governador, presidente e deputados. 

É incrível que ainda se discuta, a essa altura, prorrogação de mandatos em vez de adiamento. Não é democrático e tampouco é saudável esticar o tempo dos atuais prefeitos e vereadores. A renovação oxigena os poderes. 

Os eleitores devem fazer pressão contra esses deputados para que façam o que tem de ser feito e não o que os beneficia, afinal o país precisa agora do adiamento da eleição e de dinheiro para bancar essa pandemia. 

É preciso pensar nas pessoas que perderam o emprego nesse isolamento social. O número de desempregados está em 12,7 milhões no país. E pelo menos 5,4 milhões desse total já desistiram de procurar emprego por não achar. 

A tentativa de prorrogar os mandatos já chegou a passar no Congresso no ano passado, mas o presidente vetou. O veto foi derrubado na Câmara. Só que no Senado foi mantido por dois votos. Agora há essa nova tentativa. 

A volta da propaganda partidária partiu do senador Jorginho Mello (PL-SC). Ele disse que queria o retorno, porque a lei que proíbe partidos de veicularem propaganda paga tem prejudicado muito as legendas hoje.

29 junho 2020

Até que enfim as multas

Multa imposta pelo governo do Estado para quem não usar máscara chega com atraso, mas é
bem-vinda para conter os abusos de quem não respeita a obrigatoriedade desde 7 de maio


Com um bom atraso, o governo do Estado decidiu multar quem não usar máscara. Afinal, a obrigatoriedade, baixada em 7 de maio, virou letra morta, piada. Sobretudo nas aglomerações que se espalham pelo interior todo. 

Quem usa máscara hoje, o faz por responsabilidade civil. É claro que elas não evitam a contaminação, mas a dificultam. A partir de 1º de julho, quem não quiser pagar R$ 500, terá de usá-la, ao menos nos locais públicos. 

A injustiça da medida, anunciada nesta segunda-feira (29) pelo governador João Dória (PSDB), é multar comerciantes. Aqueles que não obrigarem o cidadão a usar a máscara em seu estabelecimento terão de pagar R$ 5 mil por infrator. 

Com isto, o governo do Estado transfere ao comerciante, já combalido em suas finanças pela pandemia, uma responsabilidade que é sua, Poder Público, e ainda pune aquele que mais precisa do cidadão para comprar hoje. 

Dória teria evitado muitos casos de Covid-19 se tivesse adotado a punição ao cidadão com a determinação. Prefeitos também poderiam tê-lo feito. Não só o uso das máscaras deve ser cobrado, evitar aglomerações também. 

A Constituição Federal garante o direito de ir e vir. O que não é permitido é que o ato irresponsável de um cidadão prejudique outro. O desrespeito à obrigatoriedade da máscara e as aglomerações afetam a todos. 

O número de casos de contaminação pelo coronavírus, que explode em todo o interior, e a falta de leitos em UTIs, são responsabilidade direta dos cidadãos que não se protegem e não protegem aos que se cuidam. 

Cabe ao governo do Estado e aos prefeitos agir para evitar que essa bagunça continue. Em outros países, o ponto mais alto do número de casos aconteceu mais cedo. O país e os cidadãos penam pela irresponsabilidade aqui. 

O prefeito de Itu, Guilherme Gazzola (PTB), seguiu a iniciativa de Dória com um projeto para multar também. A proposta foi aprovada no final da tarde desta segunda. Lá, os cidadãos pagarão menos pela infração: R$ 100. 

Essa decisão acaba criando confusão, pois a determinação estadual valerá para Itu também. Se não tomou a decisão antes, Gazzola poderia agora ter poupado seus cidadãos. O que precisa é fazer cumprir efetivamente. 

A dúvida que surge é se o infrator ituano vai pagar a multa de R$ 100, com o dobro na reincidência, ou a de R$ 500. Se for para escolher, é claro que vai preferir a de Itu. Mas a determinação estadual suplanta a municipal. Precisa disso? 

Por falar em máscaras, a direção das tevês deveria adotar o uso de máscaras que deixam ver a boca. Esse recurso ajudaria surdos a poderem entender as notícias. Afinal, os repórteres aparecem com máscaras no vídeo. 

Pelos números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de que existem mais de 10 milhões de pessoas com deficiência auditiva no Brasil atualmente, dá para avaliar o tamanho do benefício dessas máscaras.