29 agosto 2020

Pior cego é o que não quer ver

Para gestão de João Dória, crimes em Salto devem acontecer com data
e hora marcados para não atrapalhar o expediente comercial da Delegacia de Polícia

Não se sabe se é pior a situação de completo abandonado e de sucateamento constante pela qual passa a Polícia Civil em Salto ou se é a resposta que a Secretaria de Estado da Segurança Pública deu à reportagem de Taperá quando questionada a respeito do problema nesta semana. 

Afinal, para o governo do Estado, tudo funciona perfeitamente e uma delegacia não precisa estar aberta dia e noite. Basta o expediente do comércio. Na visão da secretaria, os crimes acontecem com hora marcada e nunca à noite ou em finais de semana e feriados em Salto. 

Segundo a Secretaria de Segurança, o registro de ocorrências é realizado em Itu, já que a delegacia de Salto não tem o número de funcionários necessários, para agilizar o atendimento, ou seja, para agilizar é melhor andar mais 12 km de ida e volta até Itu do que fazer aqui mesmo. 

Por fim, o governo do Estado diz que a Delegacia Eletrônica tem ampliado o rol de crimes que podem ser registrados virtualmente desde abril, como se apenas o registro da ocorrência fosse a necessidade e não a investigação e a prisão dos responsáveis por esses crimes. 

É lamentável que a Secretaria de Estado da Segurança Pública não aja como tem de agir, dotando a Polícia Civil de Salto dos recursos humanos e materiais da classe a que ela pertence e ainda se preste a esse papel ridículo de agir como um cego que pode, mas não quer ver para não ter de agir. 

Igualmente lamentável é a atitude das autoridades locais que não pressionam e não fazem nada além de reclamar desse isolamento de responsabilidade que o governo do Estado resolveu promover contra os cidadãos de Salto, como se eles não recolhessem os impostos devidos. 

Apenas em 1917, Salto deixou de ser chamada de “Salto de Itu”, cidade da qual foi desmembrada lá em 1698 por meio da sua fundação, mas parece que ainda ostenta esse nome, ao menos no que se refere à dependência que o governo do Estado insiste em manter sobre a Polícia Civil. 

Com a palavra as autoridades que representam o município: o prefeito, os vereadores, o Ministério Público, os deputados. Todos têm obrigação de cobrar do Estado que atenda minimamente o cidadão nos serviços da Polícia Civil, pois Salto é uma cidade importante tanto quanto as outras. 

Os moradores agradecem. 



Artigo publicado na seção Opinião do jornal Taperá de 29/08/2020.

Nenhum comentário:

Postar um comentário